Venda de Tadalafila dispara e revela pressão por desempenho sexual entre homens no Brasil

SAÚDE | Em 2024, país bate recorde com 64 milhões de unidades vendidas do medicamento para disfunção erétil
A comercialização de Tadalafila no Brasil cresceu 20 vezes em uma década, alcançando um recorde de 64 milhões de unidades vendidas em 2024. O dado, divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e publicado pelo portal G1, revela o crescimento vertiginoso da popularidade do medicamento para disfunção erétil, que ganhou o apelido de “Tadala” entre os usuários e virou sensação nas redes sociais como um “turbinador” da atividade sexual.
No mercado desde os anos 2000, a Tadalafila se consolidou como alternativa à Sildenafila, o popular Viagra. Com ação mais prolongada e menores efeitos colaterais, a substância é vendida sem retenção de receita médica, o que tem facilitado seu acesso e impulsionado o consumo nas farmácias, que chegam a vender dezenas de caixas diariamente.
Segundo especialistas, cerca de 16 milhões de homens no país convivem com disfunção erétil. O remédio se tornou um alívio para quem sofria com a condição, mas evitava buscar ajuda por vergonha. No entanto, o aumento expressivo nas vendas não acompanha o número de diagnósticos médicos. Para profissionais da saúde, isso evidencia uma crescente pressão masculina por desempenho sexual.
“O que vemos é uma dependência psicológica crescente. Muitos jovens começam a vida sexual já acreditando que precisam do remédio para que o sexo seja bom. Isso mascara inseguranças e pode favorecer disfunções no futuro”, alerta o urologista Eduardo Miranda, coordenador da Disciplina de Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia.
A Tadalafila é um vasodilatador que atua aumentando o fluxo sanguíneo, permitindo a ereção peniana. Embora eficaz para o tratamento de disfunção erétil, o uso indiscriminado — motivado mais por insegurança do que por necessidade clínica — levanta preocupações entre médicos e psiquiatras.