Com câimbras e recebendo atendimento médico, o jovem atacante Renato assistiu do lado de fora do gramado o zagueiro Schröder aproveitar cruzamento na área e igualar o marcador em 1 a 1 na final do Mundial de Clubes entre Grêmio e Hamburgo em Tóquio no dia 11 de dezembro de 1983. O gol marcado aos 40 minutos do segundo tempo transformou em incerteza o que parecia questão de tempo.
“Era o jogador que eu tinha que estar marcando que empatou o jogo. E eu com câimbras do lado de fora. Na hora eu pensei, pô não é possível. Eu já estava louco para comemorar e tomamos o empate”, conta o hoje técnico gremista Renato Portaluppi em entrevista ao Correio do Povo.
Foi o gol do camisa 7 de 21 anos que tinha deixado o Tricolor na frente do marcador mais cedo. Renato começou a escrever seu nome na galeria de eternos do Grêmio aos 37 minutos do primeiro tempo quando fintou um marcador e bateu bonito para vencer o goleiro Stein.
A confiança de Renato no título já era tanta que o empate sofrido na reta final foi um golpe forte aos comandados de Valdir Espinosa. A meta, então, passou a ser remobilizar o elenco para os 30 minutos da prorrogação.
“Vamos ser campeões do mundo sim”
Da euforia do título a caminho para a possibilidade de frustração. Assim, os jogadores do Grêmio se reuniram após o fim dos 90 minutos para projetar o restante da final contra o forte time alemão. Renato conta que na roda de atletas antes da prorrogação, pediu a palavra e profetizou: “Estou me sentindo bem e nós vamos ser campeões do mundo sim”. Além de premonitório, a fala visou evitar abatimento. “A gente procurou não deixar essa frustração nos abater para garantir o título. Não podíamos perder a chance de dar mais um título inédito ao Grêmio depois da Libertadores”.
Quando a bola voltou a rolar no estádio Yokohama, Renato precisou de três minutos para transformar suas palavras em realidade. O atacante ficou com a bola na área, driblou e de canhota recolocou o Tricolor na frente do placar. No duelo mental, o gol foi fundamental na avaliação do ídolo.
“Esse gol no começo nos deu muita moral. Retomou a confiança do time. Se o Hamburgo faz o gol antes da gente, não sei se conseguiríamos reverter. Estávamos com dois ou três jogadores machucados e eu com medo das câimbras voltarem”, resumiu.
Com a vantagem, o time gremista tratou de administrar o placar. Aí, entrou em campo a experiência de outros companheiros como Mário Sérgio, Paulo César Caju, Mazzaropi e Hugo De Léon. “O Espinosa pediu para que o Grêmio contratasse Mário Sérgio, Paulo César Caju, eles eram jogadores experientes. Nosso time era bastante jovem e eles deram uma tranquilidade a mais”, finalizou.