Pesquisa eleitoral: Por que números de sondagens podem ser diferentes de resultados das urnas

Uma espécie de checklist ajuda a explicar as variações as vezes significativas entre os cenários apontados nas pesquisas eleitorais e os resultados que saem das urnas, segundo a diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), a cientista social e política Elis Radmann. Existem, conforme ela, três fatores que são ‘básicos’.


O primeiro é que a pesquisa é uma fotografia da data em que foi realizada, nem de antes e nem de depois, e a reta final da campanha é um momento de muitas mudanças.


O segundo é a forma de coleta. Há três principais: presencial porta a porta; por telefone; e por meios digitais, com consultas via links enviados por redes sociais e whatsapp.


E o terceiro é a diferença entre pesquisas realizadas em dias de semana e em fins de semana.


“Quanto mais final de semana, maior a chance de a amostra ser mais harmônica. Não quer dizer que as outras estão erradas. Quer dizer que eu tenho mais assertividade, um ajuste mais fino”, explica a cientista.


Para além dos três aspectos técnicos básicos, há pelo menos outros quatro, destaca Elis. “Há os movimentos de ataque e defesa dos candidatos nos conhecidos canais de comunicação como televisão, rádio e redes sociais, que interferem inclusive na intenção de voto diária.


Há as tomadas de territórios com lideranças que vão ocupando espaços. E há o aumento do material visual de rua.” Por fim, de acordo com a analista, existe a chamada campanha B: as fake news de whats a whats. Elas alcançam eleitores não só por grupos familiares, mas também pelos de vizinhança, os religiosos e os de trabalho.


O doutor em ciência política e consultor de marketing eleitoral Juliano Corbellini acrescenta à lista a diferença entre o perfil do eleitorado registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aquele que vai às urnas nos dias de votação.


As sondagens usam amostras fiéis aos extratos oficiais de eleitores no que diz respeito a representatividade por território, faixa etária, escolaridade, sexo e renda, por exemplo. Mas, na hora da votação, estes extratos não necessariamente comparecem em toda a sua proporção.


Assim, por exemplo, pode haver maior abstenção em uma determinada faixa etária, ou em uma região, que os levantamentos não têm como captar.


“O eleitorado não vai todo para as urnas na proporção exata em que está registrado no TSE”, assegura Corbellini.





Flavia Bemfica
Correio do Povo

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