5 de dezembro de 2025

Governo federal e estadual falham em cumprir promessas de recuperação pós-enchente no Rio Grande do Sul

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Sete meses após o desastre, promessas não foram integralmente cumpridas, e planos de apoio a empresas e moradias esbarram em números aquém do esperado.

Após a tragédia das enchentes de maio, tanto o governo federal quanto o estadual prometeram um apoio imediato e substancial ao Rio Grande do Sul, criando estruturas e programas destinados à recuperação. Contudo, passados sete meses, as ações de reconstrução continuam longe do ideal, com muitos dos compromissos ficando pela metade e recursos não alcançando o montante prometido.

A criação do Ministério da Reconstrução, que passou a funcionar como uma “casa de governo” esta semana, foi um dos primeiros passos do governo federal para lidar com o desastre. Contudo, a realidade é que, até o final deste ano, apenas 58% dos recursos planejados para a recuperação serão efetivamente repassados. Em números absolutos, R$ 64,4 bilhões foram destinados, mas os dados do Painel da Reconstrução revelam que grande parte das promessas feitas ainda estão longe de serem cumpridas, especialmente no apoio às empresas e moradias.

Embora tenha havido ações emergenciais, como o resgate de milhares de pessoas e o acolhimento de centenas de milhares em abrigos, a verdadeira recuperação do Estado parece ser uma promessa distante. O programa Auxílio Reconstrução, que visava beneficiar cerca de 240 mil famílias, acabou alcançando 419 mil famílias, totalizando R$ 2,1 bilhões. Apesar do aumento na cobertura, esse valor ainda é insuficiente para reparar os danos estruturais e emocionais causados pela enchente.

No entanto, a maior discrepância está no apoio às empresas. O governo federal estabeleceu o Pronampe Solidário, que deveria garantir até R$ 30 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas, mas apenas 10% desse valor foi efetivamente contratado. O maior programa, o BNDES Emergencial, não apenas ultrapassou as expectativas de crédito, mas também mascarou o fracasso de outras iniciativas, como o Fundo Garantidor de Investimentos, que ficou abaixo da previsão de R$ 5 bilhões.

Já nas obras de infraestrutura, como a recuperação das rodovias e o Aeroporto Salgado Filho, os investimentos prometidos também estão muito aquém do necessário. Enquanto R$ 1,2 bilhão foi anunciado para as rodovias federais, apenas uma fração desse montante foi realmente gasto, com cerca de R$ 187 milhões em obras realizadas até o momento.

A nova estrutura do governo federal, com um formato reduzido, permanece sem um prazo definido para o fim das ações. Embora haja uma promessa de continuar com a recuperação em 2025, as prioridades delineadas – como a construção de moradias para quem perdeu suas casas – ainda enfrentam sérios obstáculos. A promessa de entregar 24 mil novas residências, com R$ 4,5 bilhões, ainda está distante da realidade, com apenas 853 famílias iniciando o processo de compra assistida.

Por sua vez, o governo estadual também apresentou medidas de recuperação, mas as promessas ficaram abaixo do esperado. Criado com um orçamento de R$ 4,1 bilhões, o estado repassou apenas R$ 2,1 bilhões, e grande parte dos recursos tem sido direcionada a dragagens e crédito para empresas, sem uma solução eficaz para as famílias que perderam tudo.

O descompasso entre os anúncios e a execução das promessas de recuperação deixa claro que tanto o governo federal quanto o estadual falharam na gestão das verbas e na implementação das soluções necessárias. As famílias afetadas continuam esperando pela reparação de suas vidas e pela construção de um futuro mais seguro, mas, com o fim do decreto de calamidade pública se aproximando, é incerto se as promessas serão cumpridas a tempo.

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