Ministério do Desenvolvimento Social contrata ONG ligada ao PT por R$ 5,6 milhões e ignora fiscalização
SOB SUSPEITA | Verba milionária é destinada a entidade sem comprovação de atividades, enquanto governo promete ações tardias
O Ministério do Desenvolvimento Social direcionou R$ 5,6 milhões a uma Organização Não-Governamental (ONG) comandada por um ex-assessor do Partido dos Trabalhadores (PT), sem garantir transparência ou fiscalização adequada. O repasse, parte do programa Cozinha Solidária, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deveria assegurar alimentação para populações vulneráveis. No entanto, uma inspeção revelou que endereços fornecidos ao governo federal não apresentam qualquer indício de produção ou distribuição de alimentos.
A pasta, sob comando do petista Wellington Dias, limitou-se a afirmar que realizará visitas de monitoramento e adotará “medidas cabíveis” caso irregularidades sejam comprovadas. Contudo, a falta de controle prévio levanta sérias dúvidas sobre a gestão dos recursos. “Caso seja constatada qualquer irregularidade no cumprimento do objeto pactuado ou na utilização dos recursos, serão adotadas medidas cabíveis, que podem incluir o corte no repasse de recursos, a solicitação de devolução dos valores à União e a inabilitação das cozinhas”, declarou o ministério, sem detalhar um cronograma de fiscalização.
O contrato favoreceu a ONG Movimento Organizacional Vencer, Educar e Realizar (Mover Helipa), sediada em São Paulo e comandada por José Renato Varjão, ex-assessor do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) entre fevereiro de 2021 e janeiro de 2022. Antes disso, ele atuou entre 2015 e 2018 no gabinete do deputado estadual Ênio Tatto (PT). A proximidade política entre os envolvidos e a falta de transparência na aplicação dos recursos públicos reforçam as suspeitas de favorecimento e negligência administrativa.
A contratação da ONG sem garantias de execução efetiva do serviço expõe a fragilidade dos mecanismos de controle do governo federal. O episódio ressalta a necessidade de fiscalização rígida e de um compromisso real com a transparência na gestão dos recursos destinados à segurança alimentar da população vulnerável.

