6 de dezembro de 2025

Governo federal estuda ações para baratear a alimentação

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RURAL | Uma das medidas consideradas é isenção de impostos sobre a importação pelo Brasil de produtos como o trigo e o óleo de soja

A possível redução ou exclusão da alíquota federal de importação, de 9%, sobre o óleo comestível pode ter impacto limitado no preço final do produto ao consumidor. A medida está em estudo pelo governo federal e é vista pelo presidente da Associação dos Produtores Rurais do Rio Grande do Sul (Aprosoja), Ireneu Orth, como de pouca efetividade para alívio nos preços dos alimentos.

“Um governo que só pensa em cobrar imposto é de se estranhar que pense em retirar alguma taxa”, exclama o presidente da Aprosoja.

Orth acrescenta que, para o produtor rural, se realmente a medida for efetivada, não acarretará alterações significativas na atividade.

“Mas se ele retirar, ótimo, né? A lógica deste governo é colocar imposto, mas se fizer vai impactar na sua receita. Tudo bem, ele tem que gastar menos, né?”, interpreta o dirigente.

A notícia de que o governo federal estuda a medida foi publicada no jornal Folha de São Paulo e inclui produtos como óleo de soja – o mais consumido pela população brasileira –, milho e canola, entre outros.

“O impacto vai ser tão pequeno. É uma medida populista. Mas ele vai poder dizer que está tirando, coisa que esse governo até hoje não fez”, ressalta Orth. O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de óleos vegetais do mundo.

O governo federal também estaria avaliando a possibilidade de zerar o imposto de importação do trigo, de 9%, com o objetivo de reduzir os preços dos alimentos. Para o analista de mercados da consultoria Safra & Mercados, Élcio Bento, essa isenção também teria pouco efeito prático no bolso e no orçamento doméstico dos consumidores. Bento considera a notícia estranha, uma vez que o Brasil já tem em vigor uma lei que libera a compra do cereal, sem taxa, para até 750 mil toneladas por ano.

“E o ano começou agora e está muito longe de atingir essa cota”, pondera.

Bento acrescenta que mesmo a isenção de impostos sobre o trigo de outras origens que não dos países do Mercosul não seria uma medida suficiente para tornar o preço do cereal de países mais distantes – como Canadá, Estados Unidos e Rússia – mais competitivo em relação a nações como a Argentina, Uruguai e Paraguai, por exemplo.

“O trigo em grão que está vindo para o Brasil é o da Argentina, que é o mais barato”, avaliou Bento, segundo o qual a cotação é compensatória não apenas para o Rio Grande do Sul mas também para outros estados.

Trigo gaúcho seria opção inicial

Conforme o analista de mercados da consultoria Safra & Mercados, Élcio Bento, o trigo adquirido nos países do Mercosul é vantajoso até mesmo para estados do Nordeste do país.

“O Brasil, neste ano comercial, que é quando entra a safra no país, vai comprar entre 6,8 a 7 milhões de toneladas de trigo. A Argentina tem um saldo total de 13 milhões de toneladas. Não há necessidade de comprar fora do Mercosul a menos que os preços estejam compensando e hoje não estão”, exemplificou.

Bento acrescenta que a Argentina tem força para formar os preços no Brasil mas que, ao mesmo tempo, tem sua produção impactada pelo cenário econômico internacional e, portanto, comprar mais daquele país não significaria redução de preços no mercado nacional.

“A primeira opção para isso é utilizar o trigo nacional, o gaúcho, principalmente porque o Rio Grande do Sul produz mais do que consome”, finaliza.

CORREIO DO POVO

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