5 de dezembro de 2025

Onda de calor e estiagem impactam produção leiteira no RS

AGRO VACAS LEITE LEITEIRAS

Foto: Fernando Dias/Seapi

RURAL | Estresse térmico e baixa disponibilidade de pastagem levaram a perdas na produtividade das vacas leiteiras.

A atividade leiteira no Rio Grande do Sul sofreu impactos severos devido aos eventos meteorológicos extremos registrados no último verão. Ondas de calor e estiagem prolongada comprometeram a produção de leite, resultando em queda na produtividade, baixo desempenho reprodutivo dos animais, maior incidência de doenças como mastite e aumento nos custos de produção. As informações constam no Comunicado Agrometeorológico 83 – Especial Biometeorológico Verão 2024/2025, publicado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

Segundo a agrometeorologista Ivonete Tazzo, uma das autoras do estudo, os prejuízos são decorrentes de fatores como estresse térmico calórico moderado, deficiente disponibilidade de forragem e má qualidade da água. “Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), o estudo documenta as faixas de conforto e desconforto térmico a que os animais ficaram expostos, estimando os efeitos na produção de leite. Os mapas gerados mostram a espacialização dos valores médio e máximo do índice no Estado e a estimativa da queda de produção de leite diária das vacas em níveis que variam de cinco a 40 quilos”, explica Ivonete.

Durante o trimestre avaliado (dezembro de 2024 a fevereiro de 2025), os registros de temperaturas mínimas e máximas absolutas do ar foram elevados, resultando em situações de estresse térmico severo. “Os meses de janeiro e fevereiro de 2025 foram os mais críticos, com apenas 42,6% e 28,3% das horas avaliadas garantindo conforto térmico aos animais. No mês de fevereiro, ondas de calor com temperaturas acima de 35ºC e chuvas irregulares e de baixo volume afetaram, principalmente, as regiões Central, Campanha e Noroeste, onde se concentra a maior produção leiteira do Estado”, detalha a pesquisadora.

A médica veterinária Adriana Tarouco, também autora da publicação, destaca que situações de estresse térmico leve a moderado ocorreram, em média, em 41% das horas avaliadas. “O estresse calórico foi observado em todas as regiões, inclusive em áreas tradicionalmente menos afetadas, como a Serra do Nordeste. No entanto, os maiores impactos foram registrados no Vale do Uruguai, Baixo Vale do Uruguai e região Missioneira”, afirma Adriana.

De acordo com as pesquisadoras, os produtores precisaram adotar estratégias de manejo para minimizar as perdas, já que os declínios diários na produção de leite variaram entre 24,5% e 28%. “A adoção de medidas preventivas foi essencial para evitar prejuízos ainda maiores”, reforçam Ivonete e Adriana.

O Comunicado Agrometeorológico Especial – Biometeorológico tem publicação trimestral e pode ser acessado na seção de Agrometeorologia da Seapi, no site www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia.

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