5 de dezembro de 2025

PDT rompe com Lula na Câmara e condiciona apoio a CPI do INSS à inclusão de governo Bolsonaro

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POLÍTICA | Bancada na Câmara deixa base aliada e cobra investigação ampla de fraudes bilionárias no INSS; senadores do partido mantêm apoio ao Planalto

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou nesta terça-feira (6) que rompeu oficialmente com a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e poderá apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) — ou uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), com deputados e senadores — para apurar as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, o apoio dos pedetistas dependerá da ampliação do escopo da investigação para incluir também o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Se o escopo dessa CPI ou CPMI for ampliado para 2019, se constar no aditamento que é necessário convidar ou convocar ministros e secretários-executivos do governo anterior, com os nomes dessas pessoas citados, e houver uma indicação expressa à Polícia Federal para investigar a partir dessa data, estamos autorizados a assinar a CPI ou CPMI do INSS”, afirmou o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG).

A decisão veio após a deflagração da Operação Sem Desconto, realizada em 23 de abril pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou um esquema de fraudes que pode ter causado um rombo de até R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos entre 2019 e 2024, por meio de pagamentos indevidos de aposentadorias e pensões.

A oposição tenta emplacar uma CPMI para ampliar a base de apoio no Congresso, diante das dificuldades em instalar uma CPI exclusiva na Câmara. Na semana passada, o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) protocolou pedido para instaurar uma CPI, mas a iniciativa esbarra na fila de 12 CPIs aguardando instalação, conforme informou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Já a proposta de CPMI, articulada pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT) e pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), conta atualmente com apoio de 206 deputados e 30 senadores. O protocolo formal foi adiado para o dia 20 de maio, na expectativa de agregar mais assinaturas.

Divisão no partido

A decisão de rompimento com o governo Lula é restrita à bancada da Câmara. No Senado, o PDT — que conta com três parlamentares: Leila Barros (DF), Ana Paula Lobato (MA) e Weverton Rocha (MA) — anunciou que permanecerá na base governista. “A decisão foi tomada tendo por base a afinidade da bancada com o governo tanto no projeto de desenvolvimento para o Brasil como na maioria das pautas no Senado”, informou a liderança do partido em nota oficial.

Apesar da divergência interna, os senadores declararam respeito à decisão da bancada da Câmara e defenderam que o PDT “segue unido em defesa dos ideais trabalhistas”.

Segundo Heringer, a decisão da Câmara foi unânime e motivada por “acúmulo de insatisfações” com a condução política do governo e pelas estratégias eleitorais para 2026. O PDT na Câmara passará a atuar de forma independente, sem alinhamento automático com o Planalto, mas também sem se integrar à oposição. O objetivo, afirmam os pedetistas, é evitar a polarização e abrir espaço para uma terceira via no próximo pleito presidencial.

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