Dilma exibe “mapa-múndi invertido” do IBGE na China e gera nova polêmica
MAPA-MUNDI | Versão sul-centrada do planeta divide opiniões e reacende crise interna no instituto
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), atualmente à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, apresentou nesta terça-feira (13) uma versão polêmica do mapa-múndi produzida pelo IBGE. O evento ocorreu na China, em uma agenda diplomática que contou com a presença do presidente do IBGE, Marcio Pochmann, e do primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
O chamado “mapa-múndi invertido” rompe com a tradicional representação cartográfica, colocando o Sul na parte superior e o Brasil no centro. A proposta, segundo Pochmann, visa oferecer uma nova perspectiva do planeta a partir dos interesses e do olhar dos países do chamado Sul Global.
“A nova representação tanto expõe outra visão do planeta Terra como mobiliza lideranças do Sul Global”, escreveu Pochmann em uma publicação na rede social X (antigo Twitter). Em outra ocasião, ele afirmou que a iniciativa “alcançou êxito instantâneo”.
No entanto, a recepção não foi unânime. O lançamento reacendeu uma crise interna no IBGE, onde técnicos já vinham demonstrando insatisfação com a condução de Pochmann. Em janeiro, servidores do instituto divulgaram um manifesto acusando o presidente do órgão de minar a credibilidade e a autonomia técnica da instituição. A nova cartografia, que parte da esquerda defende como um símbolo de descolonização do pensamento geopolítico, é vista por críticos como uma imposição ideológica e uma deturpação de fundamentos científicos.
Nas redes sociais, o tema dividiu opiniões. Enquanto apoiadores destacam a importância simbólica de deslocar o eixo de protagonismo geográfico para os países emergentes, detratores acusam o governo de fazer propaganda ideológica com uma instituição historicamente técnica e isenta.
Dilma, por sua vez, não se pronunciou diretamente sobre a controvérsia, mas o uso do mapa em um evento internacional, diante de autoridades estrangeiras, sinaliza uma possível adoção simbólica do novo modelo em ações diplomáticas do governo brasileiro.

