Eleições 2026: filiação de Eduardo Leite ao PSD acelera articulações no RS e redesenha alianças
POLÍTICA | Movimentações envolvem PL, MDB, PT, PP, União Brasil, PSB e PSOL em meio à antecipação do jogo político no Estado
As peças do xadrez político do Rio Grande do Sul começaram a se mover com mais velocidade após a filiação do governador Eduardo Leite ao PSD. A mudança de sigla do chefe do Executivo estadual atua como um catalisador para rearranjos que, embora ainda informais, evidenciam o início da disputa por alianças e protagonismo rumo às eleições de 2026.
Com a federação entre PP e União Brasil consolidada e uma possível fusão entre PSDB e Podemos no radar, a orientação nacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT replique nos Estados a base que sustenta o Planalto também aqueceu o tabuleiro. O resultado é uma intensa movimentação de bastidores, na qual os principais partidos buscam apoio, testam candidaturas e tentam isolar adversários.
Luciano Zucco e Gabriel Souza disputam centro-direita
No campo da direita, o deputado federal Luciano Zucco (PL) intensificou articulações para formar um palanque robusto, buscando atrair o Republicanos, o Novo e a federação PP-União Brasil. O movimento visa conter a ofensiva de Leite, que atua para garantir o apoio desses mesmos partidos à eventual candidatura do vice-governador Gabriel Souza (MDB) ao Piratini.
Zucco, que rememora a aliança conservadora em torno de Onyx Lorenzoni em 2022, aposta na força do bolsonarismo para 2026, mesmo com Jair Bolsonaro inelegível. O Novo, que não pretende lançar nome ao governo estadual, reforça a parceria, focando na candidatura de Marcel van Hattem ao Senado e uma chapa forte à Câmara. Contudo, o deputado Felipe Camozzato alertou: Zucco precisa dialogar com o centro se quiser vencer.
Progressistas no centro da disputa
O PP é o troféu cobiçado por todos os blocos políticos. Com o maior número de prefeitos e vereadores do Estado, o partido vive dilema interno. Os nomes de João Augusto Nardes e Ernani Polo são ventilados como pré-candidatos, enquanto disputas familiares envolvem a deputada Silvana Covatti como possível vice de Gabriel Souza — posição que gerou desconforto até mesmo dentro da federação.
Covatti Filho, presidente estadual da sigla, tenta manter o partido unificado, apesar de manobras precipitadas que constrangeram lideranças como Luiz Carlos Busato, presidente do União Brasil, que reagiu publicamente à autodeclaração de Silvana como vice.
Para agravar o quadro, três deputados da federação cogitam migrar para o Republicanos por receio de não se reelegerem com a nova configuração.
PT aposta na coalizão nacional, mas enfrenta resistências
Na esquerda, o PT busca consolidar um palanque amplo e alinhado ao presidente Lula. Com Edegar Pretto como pré-candidato ao governo e Paulo Pimenta ao Senado, o partido tenta atrair PSB e PDT para uma coligação inédita no RS. O principal obstáculo está no PSB, que vive ameaça de intervenção nacional. Caso se concretize, abriria espaço para o retorno de Beto Albuquerque e eventual filiação de Manuela D’Ávila, disposta a disputar um cargo majoritário.
A eleição interna do PT, marcada para junho, pode redefinir o tom da campanha. Correntes mais à esquerda, como a Democracia Socialista (DS), resistem a alianças ao centro. Miguel Rossetto e Pepe Vargas são nomes alternativos dentro do campo mais ideológico, mas a maioria petista vê como essencial ampliar a frente para romper a sequência de derrotas no Estado.
PSOL endurece e sinaliza candidatura própria
Alinhado ao PT em 2022 e 2024, o PSOL já avisa: se houver aceno ao centro, o partido seguirá caminho próprio. Segundo Roberto Robaina, presidente da sigla em Porto Alegre, o PSOL só apoiará o PT com garantias de protagonismo e manutenção do discurso progressista.
Perspectivas
Com o cenário em ebulição e alianças sendo desenhadas com mais de um ano de antecedência, a corrida ao Piratini em 2026 promete ser uma das mais complexas desde a redemocratização. O novo tabuleiro, com federações, fusões e realinhamentos partidários, exige estratégia, tempo e, sobretudo, habilidade política.

