5 de dezembro de 2025

Compra de armas por CACs despenca 91% sob Lula, mas venda de fuzis cresce em 2025

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BRASIL | Transição da fiscalização para a PF e endurecimento das regras explicam queda; especialistas alertam para alta em armamentos de uso restrito

A política de restrição à compra de armas implementada no governo Lula provocou uma queda drástica de 91% nas aquisições de armamentos por CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) em comparação com o auge registrado em 2022, último ano da gestão Jair Bolsonaro. Dados obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo, via Lei de Acesso à Informação, mostram que 39.914 armas foram compradas em 2024, contra o recorde de 448.319 em 2022.

Apesar da tendência de queda, um dado chama atenção: só nos primeiros quatro meses de 2025, foram adquiridos 1.248 fuzis — alta de 17,4% em relação aos 1.063 registrados ao longo de todo o ano passado.

A fiscalização dos CACs passou do Exército para a Polícia Federal em 1º de julho de 2025, como parte do processo de reorganização do controle de armas no país. A transição deve ser concluída até 29 de agosto. Para assumir a nova atribuição, a PF contratou 579 profissionais terceirizados, número bem abaixo dos 3.000 solicitados pelo Ministério da Justiça. Um concurso público está em andamento e novas delegacias especializadas devem ser abertas nos estados.

A queda nas aquisições começou em 2023, quando Lula revogou normas da era Bolsonaro e publicou um decreto com regras mais rígidas, incluindo exigências sobre ocupação lícita, avaliação psicológica e ficha criminal. Naquele ano, 176.870 armas foram registradas — número já 60% menor que o de 2022. Em relação a 2024, a retração foi de 77%.

Entre janeiro e abril de 2025, já foram registradas 18.065 novas compras, seguindo a tendência de retração geral, mas com atenção crescente à aquisição de fuzis.

Atualmente, estima-se que haja 1,5 milhão de armas nas mãos de cerca de 980 mil CACs. Do total, 932.551 foram adquiridas durante os quatro anos de governo Bolsonaro. Sob Lula, até abril deste ano, foram 234.849 novas armas registradas. Em relação apenas a fuzis, foram 48.517 compras no período Bolsonaro, contra 3.626 durante a gestão atual.

Um dos principais alertas veio de Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz, que considera preocupante o aumento na compra de fuzis em 2025, diante da retomada da divisão dos CACs em categorias e dos novos limites de aquisição. “É fundamental que a PF investigue onde essas compras estão concentradas e qual o perfil dos compradores”, afirmou. Langeani também destaca que cerca de 7.600 fuzis adquiridos durante o governo anterior não foram recadastrados — o equivalente a 15% do total dessas armas em posse de CACs.

O diretor de Polícia Administrativa da PF, Fabrício Schommer Kerber, destacou que o foco da nova fiscalização é manter o controle da idoneidade dos CACs. Segundo ele, somente neste ano, 70 pessoas com registro foram presas por diversos crimes. Ele também frisou que a nova responsabilidade da PF não é apenas repressiva, mas voltada a um serviço de controle responsável à população.

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