Lula ironiza tarifa de Trump com jabuticabas e diz que Brasil “não será tutelado”
POLÍTICA | A fala bem-humorada do presidente ocorre em meio à escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu neste domingo (13) com ironia às medidas tarifárias adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Em vídeo publicado no perfil da primeira-dama Janja Lula da Silva, Lula aparece colhendo jabuticabas no jardim do Palácio da Alvorada e brinca: “Eu vou levar jabuticaba pra você, Trump”.
A fruta nativa do Brasil serviu de metáfora para defender o bom humor e a diplomacia:
“Eu vou chupar jabuticaba de manhã, porque eu duvido que alguém que chupe jabuticaba fique com mal humor. […] O cara que come jabuticaba num país que só ele dá jabuticaba não precisa de briga. Precisa de muita união e de muita relação diplomática”, afirmou Lula.
A fala ocorre após o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, feito por Trump na última quarta-feira (9). O presidente dos EUA justificou a medida alegando que o governo brasileiro estaria “perseguindo” o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.
Reação institucional
Ainda no domingo, Lula convocou uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para discutir a resposta à medida norte-americana. O encontro está marcado para depois das 17h. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi chamado, mas não comparecerá devido a questões logísticas com seu voo.
Segundo Alckmin, o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/2025), aprovado recentemente pelo Congresso, deverá ser publicado entre esta segunda (14) e terça-feira (15). A legislação permite ao Brasil adotar sanções comerciais equivalentes às impostas por outros países.
Em nota oficial divulgada ainda na quarta-feira (9), Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e criticou duramente qualquer ingerência estrangeira:
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, diz o comunicado.
Tensão internacional
A escalada também teve repercussão internacional. Em carta endereçada a Lula, Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como uma “vergonha internacional” e falou em “caça às bruxas” que, segundo ele, deveria acabar “imediatamente”.
A China também se posicionou. Em coletiva realizada na sexta-feira (11), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, criticou os Estados Unidos por interferência nos assuntos internos do Brasil:
“Igualdade soberana e não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta da ONU”, afirmou Ning.
A crise comercial entre os dois países reacende o debate sobre soberania nacional, alinhamentos geopolíticos e os limites da diplomacia em um mundo cada vez mais polarizado.

