Ex-ministros da Justiça divulgam manifesto em apoio ao STF e criticam sanções dos EUA
POLÍTICA | Documento classifica ação do governo Trump como “afronta inadmissível à soberania do Brasil” e denuncia coação contra ministros do Supremo
Um grupo de nove ex-ministros da Justiça divulgou nesta segunda-feira (21) um manifesto de repúdio às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. As medidas, que incluem o cancelamento de vistos de oito ministros e seus familiares, foram tomadas após o ministro Alexandre de Moraes impor restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Intitulado “Repúdio à Invasão”, o manifesto denuncia a atitude do governo norte-americano, liderado por Donald Trump, como uma tentativa de interferência indevida no processo judicial brasileiro, que julga crimes contra o Estado Democrático de Direito. Para os ex-ministros, a iniciativa representa uma “indevida coação” e “retaliação à independência” do STF, especialmente por contrariar interesses de grandes corporações dos EUA.
“Seria apenas risível esta pretensão de Trump e dos Estados Unidos de interferir no julgamento, submetido ao devido processo legal, se não se revelasse uma afronta inadmissível à nossa soberania, bem fruto do transtorno delirante do atual governo norte-americano”, diz um trecho do documento.
O manifesto também destaca que a medida da Casa Branca ameaça “a convivência entre países, o multilateralismo e a efetividade do auxílio às populações vulneráveis”, e classifica a ação como um retrocesso no posicionamento diplomático dos EUA, que, em governos anteriores, teriam reduzido a postura arrogante no cenário internacional.
Assinam o documento os ex-ministros:
- Eugênio Aragão
- José Carlos Dias
- José Eduardo Cardozo
- Miguel Reale Júnior
- Milton Seligmann
- Nelson Jobim
- Raul Jungmann
- Tarso Genro
- Torquato Jardim
Ao final do manifesto, os signatários expressam “profunda solidariedade ao STF e aos seus membros”, reforçando a importância de defender a soberania do Brasil diante de pressões externas.

