5 de dezembro de 2025

Lula evita escalar tensão com Trump, mas cobra respeito e dados corretos sobre comércio Brasil-EUA

LULA

POLÍTICA | Presidente diz ter “certa tranquilidade” diante da tarifa de 50% imposta por Trump e aponta erro nos números citados pelo ex-presidente americano

Em meio à tensão comercial com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (21) que o Brasil ainda não está envolvido em uma “guerra tarifária”, apesar do anúncio do ex-presidente americano Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o embate só ocorrerá se o país decidir retaliar.

— Nós não estamos numa guerra tarifária. Guerra tarifária vai começar na hora que eu der resposta ao Trump, se ele não mudar de opinião — afirmou Lula, após participar, no Chile, de uma cúpula internacional sobre democracia.

Lula disse estar com “certa tranquilidade” sobre o assunto e mencionou os esforços do Itamaraty, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do empresariado brasileiro para tentar conter o avanço da medida:

— Tenho o Ministério das Relações Exteriores trabalhando isso, tenho uma pessoa da qualidade do Alckmin, e os empresários brasileiros precisam conversar com suas contrapartes nos Estados Unidos. Quem vai sofrer com isso são os próprios empresários.

Críticas à pressão externa e defesa do Judiciário

O presidente brasileiro também criticou indiretamente a carta divulgada por Trump, na qual o ex-presidente americano pressiona pelo arquivamento do processo contra Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado. Lula foi enfático ao defender a autonomia do Judiciário:

— Ninguém pode ameaçar um partido com uma decisão judicial. Quem sou eu pra tomar uma decisão diante da Suprema Corte? O cidadão que ele [Trump] defende está sendo julgado por um crime que está nos autos do processo.

E completou:

— No Brasil, vamos fazer respeitar as leis para empresas brasileiras e para empresas americanas. Não tem essa de um poder ser punido e outro não.

Lula contesta dados de Trump e defende relação diplomática

Ao rebater Trump no campo comercial, Lula afirmou que o ex-presidente americano desconhece os números da balança comercial bilateral. Segundo ele, o Brasil acumula um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos 15 anos.

— Ele tem que levar isso em conta. Nossa relação é muito forte e diplomática. Tive ótima relação com Clinton, Obama, Biden. Se ele quiser, com Trump será a melhor possível. Mas dois chefes de Estado precisam conversar levando em conta os interesses de seus países.

Durante o evento no Chile, Lula evitou aprofundar o impasse comercial, destacando que o foco do encontro era o fortalecimento democrático:

— Aqui é pra discutir democracia, não é pra discutir o Trump.

Ele ainda adiantou que o tema será debatido na Assembleia Geral da ONU, em setembro, e em um encontro de líderes progressistas em Madri no próximo ano.

— A democracia é garantir ao povo o direito ao trabalho, à moradia, à educação, à cultura, ao lazer e a viver dignamente. É isso que nós vamos conquistar para o Brasil.

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