Bolsonaro e Eduardo são indiciados pela PF por tentativa de obstrução de Justiça
POLÍTICA | Ex-presidente cumpre prisão domiciliar e filho enfrenta risco de cassação de mandato
A Polícia Federal indiciou, nesta quarta-feira (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por tentativa de obstrução de Justiça. A operação também atingiu o pastor Silas Malafaia, alvo de mandado de busca e apreensão e retenção de passaporte.
A investigação foi aberta em maio pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos principais processos que envolvem o ex-presidente, como a ação penal da trama golpista, os inquéritos das fake news e das chamadas milícias digitais.
O pedido partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou indícios de crimes como obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. Agora, caberá à PGR avaliar se há elementos para apresentar denúncia formal contra Bolsonaro e seu filho.
Segundo a apuração, Eduardo teria articulado a aplicação de sanções do governo Donald Trump contra integrantes do STF no período em que a Corte analisava os desdobramentos da tentativa de golpe de Estado. Moraes já havia determinado o bloqueio de contas do deputado e de sua esposa, Heloísa, que vivem nos Estados Unidos desde março.
Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, por ordem de Moraes, após descumprir medidas cautelares impostas em julho. Entre as restrições está a proibição de qualquer contato com Eduardo. A decisão foi motivada pelo comparecimento do ex-presidente a manifestações de apoiadores em 3 de agosto.
Paralelamente, Eduardo enfrenta desgaste político. Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira revelou que 69% dos brasileiros acreditam que ele atua em defesa de interesses pessoais e familiares na questão das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Além disso, o deputado pode sofrer consequências no Legislativo. Seu período de licença terminou em julho e as faltas começaram a ser contabilizadas neste mês. Caso ultrapasse o limite permitido, poderá enfrentar processo de cassação em novembro. Contudo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que a análise pode ficar apenas para 2026, após o recesso parlamentar.

