5 de dezembro de 2025

Haddad tenta transferir ao governo Bolsonaro a culpa por gastos extras de R$ 76,5 bilhões em 2026

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POLÍTICA | Ministro da Fazenda aponta mudanças em BPC e Fundeb, mas críticas veem estratégia para aliviar desgaste fiscal do governo Lula

O Ministério da Fazenda divulgou cálculo segundo o qual R$ 76,5 bilhões em despesas projetadas para 2026 seriam resultado de medidas adotadas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). A estimativa, elaborada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), foi apresentada pelo ministro Fernando Haddad como justificativa diante das críticas à condução da política fiscal no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Haddad tem usado os números para reforçar a ideia de que o atual quadro das contas públicas não é fruto apenas das decisões do governo Lula. “Comprei briga com o meu partido, fui chamado de austericida (…). A estratégia usada por Guedes e Bolsonaro não funcionou”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.

O ministro sustenta que a ampliação de gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Fundeb (Fundo de Manutenção da Educação Básica) responde pela maior parte da pressão sobre o orçamento. As mudanças aprovadas no Congresso e sancionadas por Bolsonaro entre 2020 e 2021 flexibilizaram regras de acesso ao benefício assistencial e ampliaram a participação da União no fundo da educação.

De acordo com a Fazenda, o BPC deve custar R$ 131,1 bilhões em 2026, contra R$ 93,3 bilhões se mantidas as regras antigas. Já o Fundeb receberá R$ 68,4 bilhões de complementação federal no próximo ano, quase R$ 39 bilhões acima do que seria devido pelas normas anteriores.

O impacto acumulado de 2023 a 2026 é calculado em R$ 227,7 bilhões em despesas adicionais. Sem esses efeitos, a projeção da despesa total em relação ao PIB cairia de 18,8% para 18,3% em 2026.

Apesar da retórica de Haddad, críticos apontam que o ministro tenta deslocar a responsabilidade para o governo que terminou em 2022, enquanto enfrenta dificuldades para cumprir metas fiscais e sustentar o arcabouço aprovado no início da gestão.

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