5 de dezembro de 2025

Correios afundam em crise e recorrem a empréstimo bilionário após saírem de superávit para prejuízo recorde

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DÍVIDA GIGANTESCA | Gestões recentes da estatal transformaram lucro histórico em rombo de R$ 4,3 bilhões e agora buscam R$ 20 bilhões para manter as portas abertas

A trajetória dos Correios nos últimos anos parece um manual de como desmontar uma empresa pública rentável. Após encerrar o governo anterior com superávit e caixa saudável, a estatal entrou em rota de colisão sob a atual gestão, acumulando prejuízos bilionários, atrasos de pagamentos e paralisações de serviços essenciais. O desfecho desse desmonte administrativo veio com o anúncio, nesta quarta-feira (15), de que a empresa negocia um empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos para tentar recuperar a liquidez e evitar um colapso financeiro.

O atual presidente, Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu há menos de um mês, admitiu a gravidade da situação. “Precisamos recuperar a liquidez da empresa para que tenhamos capacidade de pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV) e normalizar o fluxo de caixa”, afirmou, em tom de quem herdou uma bomba-relógio.

Mas a crise não começou agora. Em 2024, os Correios já haviam consumido 92% das reservas financeiras que possuíam no caixa e em aplicações, e recorreram a um empréstimo emergencial de R$ 1,8 bilhão para manter o básico em funcionamento. Mesmo assim, o primeiro semestre de 2025 fechou com um rombo de R$ 4,3 bilhões, o triplo do prejuízo do mesmo período do ano anterior.

Durante o governo anterior, os Correios haviam apresentado superávit de R$ 3,7 bilhões, resultado de um processo de modernização, corte de desperdícios e reestruturação logística. Em menos de dois anos, o cenário virou de ponta-cabeça — e a estatal, antes símbolo de eficiência, passou a ser sinônimo de má gestão e desorganização.

O resultado é visível: atrasos em repasses a fornecedores, paralisações de transportadoras, redução de entregas e até suspensão de atendimentos médicos de funcionários devido à falta de repasses ao plano de saúde. O caos administrativo ficou tão evidente que a própria empresa reconhece, em notas explicativas, que os pagamentos são feitos “conforme disponibilidades financeiras”.

Rondon tenta agora apagar o incêndio com um novo pacote de medidas, que inclui corte de despesas, novo PDV, venda de imóveis e renegociação de contratos. O plano, no entanto, tem sabor de improviso — uma tentativa de reparar a falta de planejamento que levou a estatal ao limite.

De símbolo de eficiência e estabilidade, os Correios se tornaram um retrato da má administração e do improviso estatal, dependentes de um empréstimo bilionário para sobreviver ao que parecia impossível: a falência de uma das empresas mais tradicionais do país.

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