“Ainda sinto muita dor e desespero”. As primeiras palavras de João Pedro Milgarejo, 17 anos, morador de Pelotas e único sobrevivente da tragédia que vitimou sete colegas seus do projeto Remar para o Futuro, mais o coordenador e o motorista da van, refletem a sensação de estar vivo, porém sem seus amigos.
Ele falou na saída do Centro Português 1º de Dezembro, onde ocorre nesta tarde o velório coletivo das vítimas fatais, local para o qual fez questão de ir. Ele disse estar dormindo nos fundos da van quando o acidente aconteceu, em Guaratuba, no Paraná, na noite do último domingo.
“Não vi acontecer nada. Na hora em que acordei, estava tudo preto, escuro, não sabia que a van tinha capotado. Para não morrer de pânico e não morrer sufocado, tentei ficar tranquilo e prender a respiração”, relatou ele, que ainda tem diversos hematomas pelo corpo, inclusive um ferimento no olho direito.
Ele disse que o reencontro com sua mãe, Graciele, foi emocionante, apesar de que, quando ela chegou ao hospital de Joinville, em Santa Catarina, para onde ele foi levado, ele estava dormindo. “Não estava muito consciente, e não estou agora. Ando muito cansado”, disse.
Sobre as homenagens em forma de cartazes em frente à sua casa, no bairro Guabiroba, o jovem disse ter achado “muito legal”, e que não esperava. “É muito bom que muitas pessoas estão se importando comigo. Gosto disso”.
Ele também disse esperar apoio a partir de agora, e que não abandonará o projeto. “Não vou deixar isto me abalar, e vou continuar treinando. Agora ficou uma equipe mais nova, e eu vou conduzi-las para o remo. Vou ir para o topo, alcançar as Olimpíadas, que é nosso sonho”, afirmou ele, que disse ter ingressado no projeto havia pouco mais de dois anos.
Correio do Povo