18 de dezembro de 2025

Bolsonaro admite possibilidade de corrupção no INSS durante seu governo e apoia CPMI

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FRAUDE DO INSS | Abertura de comissão para apurar descontos ilegais em aposentadorias e pensões já conta com assinaturas suficientes, mas depende de decisão do Senado

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu publicamente a possibilidade de ter havido corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante o seu governo, especialmente no que diz respeito aos descontos indevidos em aposentadorias e pensões. A declaração foi dada em entrevista ao UOL, na qual ele defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no órgão.

“Não tem como falar corrupção zero. Pode até buscar, como zero absoluto, [mas] não tem como chegar lá”, afirmou Bolsonaro, acrescentando que, se for comprovado que membros de seu governo cometeram irregularidades, devem ser responsabilizados: “Se por ventura alguém do meu governo fez algo de errado, pague, ponto final”.

O requerimento para abertura da CPMI já foi protocolado no Congresso com o apoio de 36 senadores e 223 deputados — número superior ao mínimo exigido. No entanto, a instalação da comissão depende da leitura do requerimento em sessão do Congresso Nacional, sob responsabilidade do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A sessão está prevista para o dia 27 deste mês.

A proposta é impulsionada pela oposição ao governo Lula, que afirma haver um crescimento atípico nos descontos desde 2022. De acordo com investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), a fraude envolve sindicatos e associações que inscreviam aposentados e pensionistas sem consentimento e aplicavam descontos diretamente da folha de pagamento, utilizando inclusive assinaturas falsificadas.

As apurações começaram ainda em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, mas apontam que as irregularidades tiveram início no governo Michel Temer (MDB). A soma dos descontos entre 2019 e 2024 chega a R$ 6,3 bilhões, embora ainda não esteja claro qual parcela desse montante é resultado de fraudes.

Muitos beneficiários não perceberam os descontos, que apareciam misturados a outros abatimentos regulares, como empréstimos consignados ou o Imposto de Renda. A dificuldade de acesso ao extrato mensal no sistema “Meu INSS” também contribuiu para a invisibilidade do problema.

Apesar do apoio da oposição à CPMI, partidos como PT, PSOL e PDT não subscreveram o pedido. Integrantes da base governista e alguns parlamentares do centrão alegam que a investigação já está sendo feita pela PF e que uma comissão poderia prejudicar os trabalhos. Outro argumento é que as fraudes podem comprometer nomes de diferentes governos — inclusive aliados atuais da oposição —, o que geraria um desgaste político mais amplo.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem sinalizado desconforto com a instalação da comissão, citando que já há outras 12 CPIs aguardando na fila e que o regimento da Casa permite apenas cinco comissões simultâneas.

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