16 de dezembro de 2025

Bolsonaro diz que não precisa ser presidente para influenciar o país: “Me deem 50% do Congresso”

BOLSONARO

POLÍTICA | Inelegível até 2030, ex-presidente aposta em maioria parlamentar para manter protagonismo político

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (29), durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, que não precisa voltar à Presidência da República para influenciar os rumos do Brasil. “Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente”, declarou.

Bolsonaro está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022. Desde então, o ex-presidente tem centrado sua estratégia política no fortalecimento de sua base no Congresso Nacional.

Durante o discurso, Bolsonaro defendeu que o controle do Parlamento é mais poderoso que a própria Presidência. “Se me derem isso, não interessa onde esteja – aqui ou no além –, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente”, afirmou. Segundo ele, uma maioria nas duas Casas permitiria ao seu grupo comandar comissões estratégicas, definir sabatinas e escolher o presidente da Câmara e do Senado.

Apesar do tom de confronto, Bolsonaro também fez um apelo público por diálogo entre os Poderes. “Apelo aos três Poderes da República: sentem e conversem, pacifiquem o Brasil. Não quero crer que seja vingança de uma pessoa ou de outra. Queremos um Congresso altivo, um STF respeitado, um Executivo trabalhando para o bem-estar do povo.”

Réu por tentativa de golpe

Mesmo fora de cargos eletivos, Bolsonaro segue no centro das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. Em março, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou por unanimidade uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e mais sete aliados, tornando-os réus no inquérito.

No dia 10 de junho, Bolsonaro prestou depoimento no âmbito das apurações. Negou qualquer participação em tramas golpistas, tentou justificar reuniões com militares e reconheceu ter exagerado no discurso contra o sistema eleitoral.

Na última sexta-feira (27), o processo avançou para sua fase final. O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, concluiu a instrução processual e autorizou o início das alegações finais — última etapa antes do julgamento.

Até agora, 497 pessoas já foram condenadas pelo STF por envolvimento na tentativa de golpe de janeiro de 2023. Entre os crimes atribuídos estão: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa. Oito acusados foram absolvidos.

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