6 de dezembro de 2025

Bolsonaro fica em silêncio na PF em depoimento sobre trama golpista

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  • O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à PF, ficou menos de meia hora e, segundo a defesa, permaneceu calado diante de investigadores
  • Ele e outros alvos da investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no país foram convocados a depor nesta quinta-feira
  • Segundo a defesa, Bolsonaro ficou em silêncio porque não teve acesso à íntegra da delação de Mauro Cid e a outros documentos encontrados nos celulares de investigados
  • A defesa diz que, assim que Bolsonaro tiver acesso aos documentos, ele prestará depoimento
  • Outros investigados também ficaram em silêncio nesta quinta, segundo as respectivas defesas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília nesta quinta-feira (22), mas optou por permanecer em silêncio diante dos investigadores que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado.

A informação de que o ex-presidente permaneceu em silêncio foi divulgada pelo advogado Fabio Wajngarten. Bolsonaro ficou menos de meia hora na sede da PF.

Em entrevista, Wajngarten afirmou que o ex-presidente “nunca foi favorável a qualquer tipo de movimento golpista”.

“Esse silêncio no depoimento não se trata apenas do exercício do direito constitucional de permanecer calado, mas sim de uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos pelos quais o presidente está sendo acusado de cometer certos crimes”, disse o advogado.

Wajngarten também mencionou a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e às mídias obtidas em celulares apreendidos de investigados, o que impede a defesa de ter um mínimo de conhecimento sobre os elementos que levaram à convocação do presidente para o depoimento.

Em comunicado, a defesa do ex-presidente afirmou que Bolsonaro não se recusa a prestar depoimento e o fará assim que for garantido o acesso solicitado. “É importante ressaltar que ele nunca se recusou a comparecer perante a autoridade policial quando intimado”, diz o comunicado.

Além do ex-presidente, outros investigados compareceram à PF para prestar depoimento, incluindo o ex-ministro e candidato a vice-presidente pelo PL nas eleições de 2022, Walter Souza Braga Netto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro de Segurança Institucional general Augusto Heleno, o ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência Mário Fernandes, o oficial do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Além de Bolsonaro, o general Augusto Heleno, Mario Fernandes, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Braga Netto, Ronald Ferreira Junior também optaram por não se pronunciar.

Anderson Torres teria respondido às perguntas.

A Polícia Federal adotou a estratégia de fazer com que todos os investigados prestassem depoimento ao mesmo tempo, a fim de evitar que haja combinação de versões.

Os depoimentos são parte da operação Tempus Veritatis, realizada pela PF há duas semanas. Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados teriam se organizado para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma das partes da investigação envolve uma reunião ministerial ocorrida em 5 de julho de 2022, na qual Bolsonaro teria dito aos ministros que não poderiam esperar o resultado da eleição para agir. Os advogados do presidente afirmam que ele nunca cogitou um golpe.

Além de Bolsonaro, também foram convocados para depor:

  • Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)
  • Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)
  • Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)
  • Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)
  • Bernardo Ferreira de Araújo Júnior

Além disso, depoimentos foram marcados em outras cidades do país:

  • Rio de Janeiro: Hélio Ferreira Lima, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Ailton Gonçalves Moraes de Barros e Rafael Martins Oliveira
  • São Paulo: Amauri Feres Saad e José Eduardo de Oliveira
  • Paraná: Filipe Garcia Martins
  • Minas Gerais: Éder Balbino
  • Mato Grosso do Sul: Laércio Virgílio
  • Espírito Santo: Ângelo Martins Denicoli
  • Ceará: Estevam Theophilo (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira)

A defesa do ex-presidente já havia informado que ele permaneceria em silêncio durante o depoimento. Recentemente, os advogados solicitaram acesso aos autos da investigação por duas vezes.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu acesso aos mandados da operação. Os advogados pediram também acesso às mídias digitais, como telefones e computadores, e à delação do ex-assessor de Bolsonaro, Mauro Cid, mas Moraes não autorizou.

Nesta quarta-feira, a defesa solicitou novamente acesso ao conteúdo das mídias, alegando que é necessário “garantir a paridade de armas no procedimento investigativo”.

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