18 de dezembro de 2025

Brasil mantém taxa de analfabetismo funcional em 29% e vê piora entre os jovens, aponta Inaf

analfabetismo

BRASIL | Estudo mostra que desigualdade racial também marca os níveis de alfabetização no país

Três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são considerados analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem compreender textos simples nem realizar operações matemáticas básicas de forma eficiente. O dado alarmante — 29% da população nessa faixa etária — é o mesmo registrado em 2018, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pela Ação Educativa.

O levantamento revela ainda um retrocesso entre os jovens. Em 2018, 14% dos brasileiros de 15 a 29 anos estavam nessa condição. Em 2024, esse índice subiu para 16%. Especialistas apontam que a pandemia da Covid-19 pode ter contribuído diretamente para o aumento do analfabetismo funcional, uma vez que o fechamento das escolas e a dificuldade de acesso ao ensino remoto afetaram principalmente os estudantes em situação de vulnerabilidade social.

O Inaf classifica os brasileiros em cinco níveis de alfabetismo, com base em testes de leitura e matemática: analfabeto, rudimentar (ambos englobam o analfabetismo funcional), elementar, intermediário e proficiente. A maior parte da população (36%) se encontra no nível elementar, ou seja, consegue compreender textos de média extensão e realizar operações básicas, mas com limitações.

Cerca de 35% estão no grupo de alfabetismo consolidado, somando os níveis intermediário e proficiente. Porém, apenas 10% da população atinge o nível mais alto, o proficiente, que demonstra total autonomia na leitura, interpretação de textos complexos e resolução de problemas matemáticos sofisticados.

O estudo também revela disparidades raciais preocupantes. Entre os brancos, 28% são analfabetos funcionais e 41% possuem alfabetismo consolidado. Já entre negros, 30% são considerados analfabetos funcionais e apenas 31% apresentam alfabetização consolidada. O cenário é ainda mais crítico entre indígenas e amarelos: 47% estão no grupo dos analfabetos funcionais, e só 19% demonstram proficiência adequada.

Segundo os pesquisadores, os dados refletem um sistema educacional que falha em garantir equidade e qualidade, especialmente para populações mais vulneráveis.

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