5 de dezembro de 2025

Carla Zambelli deixa o Brasil após condenação no STF e anuncia exílio político na Europa

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POLÍTICA | Deputada bolsonarista foi sentenciada a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do CNJ e alega perseguição política

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil e se encontra atualmente na Europa, sem revelar o país exato. Em transmissão ao vivo pelo canal Auriverde Brasil, a parlamentar afirmou que saiu do país há alguns dias para buscar tratamento médico e que pretende solicitar licença não remunerada do seu mandato na Câmara dos Deputados.

Zambelli foi condenada no mês passado, por unanimidade, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a 10 anos de prisão em regime fechado, além da perda do mandato e inelegibilidade, por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ataque hacker, realizado por Walter Delgatti Neto, incluiu a inserção de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, com conteúdo escárnio: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”.

Segundo a investigação da Polícia Federal, arquivos encontrados com Zambelli coincidem com os que foram inseridos ilegalmente no sistema do CNJ, evidenciando a participação da deputada no plano que, de acordo com os investigadores, visava minar a credibilidade do Poder Judiciário. A sentença também estabeleceu o pagamento de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

Além da condenação no caso do CNJ, Zambelli enfrenta outro processo no STF por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. O caso se refere a um episódio ocorrido em 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, quando ela perseguiu armada o jornalista Luan Araújo nas ruas de São Paulo, após uma discussão com motivações políticas. A cena foi registrada em vídeo e gerou ampla repercussão. Já há maioria formada no Supremo para condená-la nesse caso também, mas o julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

Na entrevista, Zambelli afirmou que fixará residência na Europa, onde diz ter cidadania, com o objetivo de “atuar pelo fortalecimento da direita” no continente. “O caminho nos Estados Unidos já está asfaltado pelo Eduardo Bolsonaro e pelo Paulo Figueiredo. Por isso escolho a Europa. Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês, espanhol, inglês. Em cada lugar temos pessoas que podem lutar por nós”, disse. Ela ainda declarou que está retomando a “Carla de antes das amarras que essa ditadura nos impôs”.

Antes de sair do país, a deputada emancipou seu filho de 17 anos, afirmando que ele pretende concorrer nas eleições de 2026 para “herdar seu espólio político”. A gestão das suas redes sociais ficará sob responsabilidade da mãe, Rita Zambelli.

A perda de mandato será decidida pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, conforme prevê a Constituição quando o parlamentar está impedido de exercer o cargo por mais de 120 dias. No entanto, o trânsito em julgado da decisão ainda não ocorreu, já que Zambelli poderá apresentar embargos de declaração – recurso que, embora não modifique a condenação, pode adiar sua execução.

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