Celulares podem ouvir conversas para gerar anúncios, pontua relatório

Hoje em dia, é quase impossível não andarmos sempre com nosso celular. A sensação de sair de casa sem ele é a mesma que estar sem roupa. E com o passar do tempo, os celulares foram ficando cada vez mais modernos e sendo capazes de fazer praticamente tudo. Tanto que às vezes as pessoas até se questionam se o dispositivo delas está escutando o que elas falam.

Isso porque é praticamente impossível alguém não ter passado pela situação de falara sobre um produto ou serviço com alguém e logo depois começar a ver anúncios daquela determinada coisa em seu celular sem que ela tenha pesquisado sobre antes.

Claro que isso é totalmente estranho e deixa as pessoas confusas de como isso acontece. Agora, parece que existe finalmente uma confirmação do motivo. De acordo com a equipe de marketing do conglomerado de mídia estadunidense Cox Media Group (CMG), eles conseguem ouvir as conversas dos consumidores através de diferentes dispositivos, como por exemplo, smartphones, smart TVs, entre outros, e assim conseguem direcionar os anúncios personalizados.

Celular ouvindo usuários

Quem divulgou essa informação foi o relatório do 404media e ele mostra uma coisa que já era bastante especulada: que o celular, e outros dispositivos, ouvem o que seus usuários dizem, mesmo quando eles não querem.

Antes da divulgação desse relatório existiam vários sinais a respeito dessa possibilidade. No entanto, evidências como essa nunca tinham sido divulgadas tão explicitamente.

“É verdade. Seus dispositivos estão ouvindo você […] Com o Active Listening (Escuta Ativa), o CMG agora pode usar dados de voz para direcionar sua publicidade EXATAMENTE para as pessoas que você procura”, dizia a página da CMG, que já foi retirada do ar.

Além disso, a página também dava exemplos de captações de trechos de conversas que foram capturadas para que, logo em seguida, anúncios personalizados fossem entregues. “Precisamos de um veículo maior?”, “Sinto que meu advogado está me ferrando”, e “É hora de levarmos a sério a compra de uma casa”.

Outro ponto dito pela publicação feita pela CMG foi a explicação de que o seu recurso “Escuta Ativa” é analisado por inteligência artificial para que sejam detectadas “conversas pertinentes por meio de smartphones, smart TVs e outros dispositivos”.

A CMG também disse que os anúncios personalizados feitos através da sua ferramenta eram entregues para os usuários através dos streamings de TV, áudio, YouTube, Google e Bing.

“O que significaria para sua empresa se você pudesse atingir clientes em potencial que estão discutindo ativamente a necessidade de seus serviços em suas conversas diárias? Não, não é um episódio de Black Mirror – são dados de voz, e o CMG tem os recursos para usá-los em benefício de seus negócios”, dizia o site da Cox Media Group.

Por mais que a página tenha sido retirada do ar, ainda é possível vê-la através de uma versão arquivada pelo Internet Archive.

Depois do relatório divulgado, o 404media procurou um profissional de marketing da CMG e ele disse que depois que entrou na empresa desativou as permissões de microfone dos seus dispositivos.

“Removi imediatamente todos os meus dispositivos Amazon Echo e bloqueei as permissões de microfone em coisas como meu telefone para receber confirmação […] eles estão fazendo coisas como essa e confirmaram meus piores medos e eu, por exemplo, não participarei disso”, contou o profissional da CMG.

É permitido?

Com essa informação divulgada, várias pessoas podem se perguntar se o celular escutar suas conversas é algo permitido. De acordo com a CMG, é “totalmente legal que telefones e dispositivos ouçam você. Isso porque os consumidores geralmente dão consentimento ao aceitar os termos e condições de software ou downloads de aplicativos”.

Contudo, depois que o caso repercutiu, a empresa mudou o tom do seu posicionamento e publicou uma nota dizendo que os seus negócios não “ouvem nenhuma conversa nem têm acesso a nada além de um conjunto de dados agregados, anônimos e totalmente criptografados de terceiros que podem ser usados ​​para colocação de anúncios”.

Mesmo com a mudança de tom, a CMG não deu explicações sobre o motivo das publicações antigas terem sido apagadas. O que ela disse foi: “Lamentamos qualquer confusão e estamos empenhados em garantir que nosso marketing seja claro e transparente”.

As empresas que fabricam celulares também se posicionaram com relação ao caso. O Google disse para a Variety que: “Durante anos, o Android impediu que aplicativos coletassem áudio quando não estavam sendo usados ​​ativamente e, sempre que um aplicativo ativa o microfone de um dispositivo, há um ícone em destaque exibido na barra de status”.

Já a Apple disse que nenhum aplicativo consegue acessar o microfone ou a câmera dos seus celulares sem que o usuário permita. Além disso, a empresa também lembrou que a partir do iOS 14 e iPadOS 14 existe a exibição de um ícone que mostra se a câmera ou o microfone estão sendo usados.

Fonte: Olhar digital

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