CFM cassa registro de Leandro Boldrini a pedido do Ministério Público do RS

REGISTRO CASSADO | Decisão inédita contou com atuação administrativa do MPRS e voto unânime dos conselheiros.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) cassou, nesta terça-feira (11), o registro profissional do médico Leandro Boldrini, condenado pelo assassinato do filho Bernardo Boldrini, ocorrido em 2014, na cidade de Três Passos, no Rio Grande do Sul. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e marca a primeira vez que um órgão ministerial atua administrativamente junto aos conselhos de medicina.

O julgamento, realizado em Brasília, contou com a participação de 25 conselheiros do CFM, que votaram de forma unânime pela punição. Boldrini, que cumpre pena no regime semiaberto, havia sido inicialmente absolvido em um processo disciplinar do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS), o que lhe permitiu continuar exercendo a profissão. Contudo, o MPRS recorreu ao CFM e enviou uma petição de habilitação no processo ético-profissional. O Tribunal Superior de Ética Médica (TSEM) do CFM reconheceu a legitimidade da participação do MPRS, culminando na decisão desta terça-feira.

A promotora de Justiça Alessandra Moura Bastian da Cunha, coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Acolhimento às Vítimas (CAOCRIM), foi responsável pela sustentação oral do MPRS. Ela destacou que a medida representa um marco na busca por justiça para Bernardo Boldrini e ressaltou a gravidade dos atos praticados pelo médico. “O dia de hoje é emblemático em busca de justiça para o menino Bernardo. Conseguimos demonstrar que o médico contribuiu e planejou o homicídio do filho e, além disso, utilizou seus conhecimentos da medicina para esse intento. Este pai torturou essa criança, e a tortura é vedada também no código de ética médica”, afirmou.

Com a cassação do registro, Leandro Boldrini fica impedido de exercer a medicina em todo o território nacional.