Disputa interna no PT gaúcho esquenta com Edegar Pretto e Paulo Pimenta de olho no Piratini
POLÍTICA | Acordo de 2024 é colocado à prova enquanto pré-candidatos se movimentam para definir protagonismo nas eleições de 2026
Às vésperas da escolha do novo comando estadual e do diretório que conduzirá o PT gaúcho nas eleições de 2026, o partido se vê mergulhado em uma disputa interna silenciosa — mas intensa — pela cabeça de chapa ao governo do Rio Grande do Sul. De um lado está o atual presidente da Conab, Edegar Pretto, já ungido anteriormente para a tarefa. De outro, o deputado federal e ex-ministro Paulo Pimenta, que nos últimos meses ganhou musculatura política e apoio de setores influentes da sigla.
Apesar do esforço público de lideranças em amenizar a peleia, nos bastidores o clima é de acirramento. A avaliação majoritária é de que a última coisa que o PT precisa, em um cenário já competitivo, é ir para a disputa dividido. No entanto, o racha começa a ganhar corpo, colocando em xeque um acordo firmado ainda em 2024, no qual Pretto seria o candidato ao governo e Pimenta concorreria ao Senado.
A equação mudou. A demissão de Pimenta do ministério em janeiro e uma pesquisa que o mostra mais competitivo para o Piratini deram novo rumo às conversas. Soma-se a isso o fator Manuela D’Ávila: a ex-deputada, agora sem partido, foi convidada a ingressar no PT ou no PSol e disputar uma vaga ao Senado. Ela, no entanto, já deixou claro que sua chapa ideal é com Pimenta ao governo — cenário que passa a ser encampado por parcelas expressivas do partido.
Nesse rearranjo, Edegar Pretto poderia disputar o Senado ou até mesmo ficar de fora da majoritária, dependendo do arranjo que se construa até o fim do ano. O ex-prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, aparece como plano B para uma eventual segunda vaga ao Senado que “sobrar” na composição da aliança.
Força interna, Lula e Eduardo Leite como variáveis
Enquanto Pretto se coloca exclusivamente como pré-candidato ao governo, Pimenta mantém aberta a possibilidade de concorrer ao Senado ou à reeleição na Câmara. Mesmo assim, é ele quem hoje conta com maior respaldo interno no diretório estadual, o que pode se consolidar após a renovação dos comandos partidários.
Dois fatores externos também têm peso considerável: a influência direta do presidente Lula sobre a escolha e os planos do governador Eduardo Leite (PSD). Se Leite embarcar mesmo em um projeto nacional para 2026, o vácuo no RS pode ser melhor explorado por um nome de maior densidade eleitoral — tese que favorece Pimenta. Se o atual governador permanecer na disputa estadual, Pretto volta a ter protagonismo.
Para a deputada federal Maria do Rosário, o desfecho virá até o fim do ano. “O Edegar desponta como candidato, mas tanto ele como o Pimenta têm estatura e voto para estarem na linha de frente da majoritária”, pondera. A deputada estadual Sofia Cavedon reforça: “O partido tem suas réguas para definir a candidatura. Se for necessário, poderá até realizar prévias”. Já Laura Sito, presidente do PT em Porto Alegre, defende urgência: “Precisamos definir até setembro para negociar com aliados”.
Redes sociais e ensaios de campanha
Nas redes, os movimentos já denunciam o início da pré-campanha. Pimenta tem investido em agendas locais e se aproximado de temas da segurança pública e da saúde, além de manter pontes com setores do empresariado. Pretto, por sua vez, reforça o vínculo com a agricultura familiar e valores da tradição petista no RS, alinhando-se cada vez mais à figura do ex-governador Olívio Dutra, cuja simbologia segue viva entre os eleitores mais identificados com a esquerda raiz.
A disputa de narrativas já começou. A batalha pela indicação oficial do PT ao governo do Estado ainda promete capítulos decisivos — e com potencial para moldar o xadrez político gaúcho em 2026.

