Endividamento das famílias brasileiras cresce pelo 3º mês seguido e atinge 77,6% em abril
ECONOMIA | Apesar do aumento, percepção de endividamento melhora e cresce número de “pouco endividados”, aponta CNC
O endividamento das famílias brasileiras avançou pelo terceiro mês consecutivo em abril, atingindo 77,6%, conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quarta-feira (7) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Embora o índice esteja abaixo dos 78,5% registrados no mesmo mês do ano passado, é o maior desde agosto de 2024.
Mesmo com esse aumento, a percepção das famílias sobre o grau do endividamento mostrou melhora. O porcentual de brasileiros que se declaram “muito endividados” recuou de 16% em março para 15,4% em abril. Já os que se consideram “pouco endividados” cresceram de 30,4% para 32,4%. Segundo a CNC, essa percepção é subjetiva e reflete o entendimento individual sobre o peso das dívidas no orçamento.
No entanto, a alta no endividamento veio acompanhada de uma elevação na inadimplência: 29,1% das famílias estavam com contas em atraso em abril, o que interrompeu a tendência de melhora vista em meses anteriores. O número é o mesmo de janeiro e supera o resultado de abril de 2024.
Além disso, a parcela de famílias que dizem não ter condições de quitar suas dívidas em atraso subiu para 12,4%, também acima do registrado há um ano. O tempo médio de atraso também preocupa: 47,6% dos inadimplentes estão com dívidas há mais de 90 dias, índice que parou de cair, enquanto aumentaram os casos com débitos entre 30 e 90 dias.
Outro ponto de atenção foi a redução nos prazos de endividamento. O porcentual de famílias com dívidas de mais de um ano caiu pelo quarto mês seguido, agora em 33,4%, o menor nível desde junho de 2024 (32,8%). Por outro lado, cresceu o comprometimento com dívidas de curto e médio prazo, entre três meses e um ano.
Apesar do cenário adverso, houve um dado positivo: a fatia de consumidores com mais da metade da renda comprometida com dívidas caiu para 20,5%, voltando ao patamar de fevereiro. Contudo, a média geral do comprometimento da renda subiu para 30%, com 55,4% das famílias usando entre 11% e 50% do orçamento mensal para pagar dívidas.
Segundo projeções da CNC, o endividamento deve seguir em alta ao longo de 2025, mas a expectativa de crescimento da inadimplência pode impor um freio ao avanço e exigir maior cautela por parte dos consumidores.

