5 de dezembro de 2025

Ex-comandante da Aeronáutica confirma que general ameaçou prender Bolsonaro em caso de golpe

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TRAMA GOLPISTA | Carlos de Almeida Baptista Júnior contradiz versão de Freire Gomes e detalha conversa durante depoimento ao STF

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21), o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou que o então comandante do Exército, general Antônio Freire Gomes, chegou a ameaçar dar voz de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele tentasse implementar um plano de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.

“Confirmo [a ameaça], sim, senhor”, declarou Baptista Júnior à Polícia Federal, durante a oitiva autorizada pelo STF. Segundo ele, Freire Gomes foi firme, porém cortês com Bolsonaro: “O general Freire Gomes é educado e não falou com agressividade ao presidente, mas foi isso que ele falou. Com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’. Foi isso que ele disse.”

A declaração contradiz diretamente o depoimento prestado por Freire Gomes dois dias antes, na segunda-feira (19), também ao STF, quando o militar negou que tenha ameaçado Bolsonaro ou feito qualquer advertência nesse tom.

O novo depoimento aumenta a pressão sobre o núcleo militar próximo ao ex-presidente e aprofunda os indícios investigados pela Polícia Federal de que havia, sim, um plano golpista em gestação no Palácio do Planalto nos dias que se seguiram à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Baptista Júnior e Freire Gomes, ambos então no topo da cadeia de comando das Forças Armadas, participaram de diversas reuniões com Bolsonaro durante o período de transição.

A divergência nos depoimentos dos generais abre uma nova frente de apuração no inquérito que investiga a tentativa de subversão da ordem constitucional. As falas estão sendo analisadas pela equipe da PF e da Procuradoria-Geral da República como parte das evidências sobre o comportamento do ex-presidente e de seus aliados militares frente ao resultado eleitoral.

A expectativa agora é de que os novos elementos reforcem o cerco judicial a Bolsonaro, que já é alvo de inquéritos no STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive por sua atuação nas eleições e por reuniões com embaixadores em que disseminou desconfiança sobre o sistema eleitoral.

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