4 de dezembro de 2025

Ex-ministro Carlos Lupi nega irregularidades em depoimento à CPI do INSS

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“Nunca fiz desvios na minha vida” | Líder do PDT afirma que nunca acobertou fraudes e cobra prisão de envolvidos no esquema que pode ter desviado R$ 6,3 bilhões

O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), negou nesta segunda-feira (8) qualquer participação em irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou tentativa de encobrir os desvios bilionários descobertos no órgão. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o caso, Lupi afirmou esperar que todos os servidores coniventes com o esquema sejam punidos.

“Eu não tenho qualquer condenação do Poder Judiciário. Desvios, eu nunca fiz na minha vida. Não acobertei nada ou fui conivente. Espero que todos os servidores do INSS que foram coniventes com as fraudes sejam presos. Estou neste colegiado como colaborador, fui convidado e não convocado”, disse o ex-ministro.

Presidente nacional do PDT, Lupi é considerado um dos principais alvos da CPI, já que estava à frente da pasta quando os descontos fraudulentos sobre aposentadorias e pensões se multiplicaram, entre 2023 e 2024. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) investigam que o esquema teria desviado R$ 6,3 bilhões por meio de cobranças mensais não autorizadas, realizadas por associações que forjavam cadastros sem oferecer qualquer serviço.

Relação com o governo e saída do cargo

Lupi deixou o ministério em maio, após pressão política e desgaste interno no Palácio do Planalto. Sua saída foi marcada por mágoas, sobretudo pela percepção de que não teria tomado medidas rápidas para conter as fraudes. O ex-ministro já admitiu que houve demora na adoção de providências, mas rejeita a acusação de omissão e afirma que não foi alertado por outras áreas do governo sobre o rombo.

Durante a crise, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, apadrinhado político de Lupi, também foi afastado do cargo. Além disso, a gestão do pedetista já sofria críticas pelo insucesso no cumprimento da promessa de zerar a fila das perícias médicas.

Risco político

O depoimento de Lupi era aguardado com preocupação pelo governo, que avalia seu estilo espontâneo como um fator imprevisível. Diferente de outros ex-integrantes do primeiro escalão, ele recusou participar de treinamentos preparatórios para a sessão. Ainda assim, disse a aliados que compareceu à CPI com tranquilidade.

Embora seu nome não apareça diretamente nas investigações, o entendimento político que prevaleceu no Planalto foi o de que a permanência de Lupi se tornou insustentável diante da pressão da opinião pública e das denúncias de inércia diante das fraudes.

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