Farsul adverte que endividamento do produtor pode levar à redução da área plantada no RS

A proximidade da abertura da janela de plantio da safra de verão e falta de respostas do governo federal aos pedidos de repactuação do endividamento agrícola pode levar à redução da produção de grãos nas lavouras gaúchas. “Pela primeira vez vislumbro diminuição de área do Rio Grande do Sul se as necessidades não forem resolvidas”, analisou o presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Gedeão Pereira, em pronunciamento na abertura do ato organizado pelo movimento SOS Agro RS, nesta quinta-feira em Porto Alegre. O setor rural espera a publicação de decreto federal que regulamente a Medida Provisória Nº 1.247/2024, publicada na semana passada, estabelecendo desconto para liquidação ou renegociação de parcelas de crédito rural.


Pereira disse que a MP só foi publicada após pressão do SOS Agro RS em manifestações realizadas em Cachoeira do Sul e Rio Pardo, reunindo milhares de agropecuaristas. A medida não satisfez a categoria. Pereira a classificou de “capenga” e “rasa”.


“A MP veio extremamente burocrática, difícil de acessar porque depende de conselhos municipais. O sistema financeiro esteve na Farsul e disseram que não precisa nada disso, basta o produtor rural dizer a situação dele, quando muito uma declaração técnica”,
afirmou.


A principal preocupação é saber o tempo de prorrogação das dívidas e a taxa de juros. O presidente da Farsul questionou se o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tem força para resolver a questão e influenciar no decreto. “Se não formos atendidos, quem vai pagar é a gôndola do supermercado”, destacou. Pereira ainda citou que a MP daria solução apenas para recursos com juros controlados (com subsídios do governo), enquanto a maior parte dos financiamentos rurais são contraídos com juros livres (de mercado).
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Manifestantes do SOS Agro RS.

Movimento SOS Agro RS promove tratoraço em Porto Alegre

Fotos: Camila Cunha


Conforme Pereira, a exaustão financeira do setor veio após a perda de cerca 30 milhões de toneladas de grãos nas últimas safras, por conta de estiagens. Com as enchentes de maio, o dirigente defende perdão das dívidas de pequenos produtores.


“Para os médios e grandes, estamos pedindo alongamento do perfil da dívida, porque se tiver alongamento com taxa de juro razoável nós melhoramos nossa capacidade de pagamento e conseguiremos novos recursos para lançarmos a nova safra”,
afirmou.


O presidente da Farsul disse que o setor continuará mobilizado para cobrar uma resposta definitiva da União. “Enquanto não tivermos a solução do problema, vamos estar com nossos tratores nas ruas onde quer que seja e com nossa presença sempre que nosso povo chamar e apoiar os deputados federais que já fizeram emendas à MP”, declarou. Pereira destacou que o setor conta com apoio da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA no Congresso Nacional e suporte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).






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