Federarroz critica ações do governo federal em relação à produção de arroz no RS
A entidade denuncia falta de diálogo e intervenções unilaterais que impactam a cultura do cereal no país.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) divulgou, nesta terça-feira (17), um manifesto de repúdio à atuação do governo federal no setor arrozeiro. A entidade acusa o Planalto de medidas unilaterais, classificadas como ilegais e intervencionistas, que prejudicam a produção de arroz no estado, responsável por 70% do cereal produzido no Brasil.
Entre as principais críticas, está a tentativa de importação de arroz com investimento de R$ 7 bilhões, justificada pelo governo devido às enchentes de abril, mas que, segundo a Federarroz, revelou “o mais absoluto despreparo” da União. A operação foi anulada após irregularidades técnicas e financeiras nas empresas vencedoras, mas gerou forte oposição do agro gaúcho.
Leilões de Contratos de Opção e Portaria Interministerial
Outro ponto de insatisfação é a baixa adesão aos Leilões de Contratos de Opção, promovidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar do investimento de R$ 1 bilhão, apenas 12,30% dos contratos foram fechados, devido ao valor oferecido de R$ 87 por saca, inferior ao custo de produção, estimado entre R$ 90 e R$ 100.
A Portaria Interministerial nº 15/2024, que institui o Programa Arroz da Gente, também foi alvo de críticas. Segundo a Federarroz, a medida usurpa atribuições do Ministério da Agricultura, ao propor diretrizes sem participação do setor.
Impacto nas famílias agricultoras
A federação destaca ainda a situação dos agricultores familiares da Depressão Central do RS, que enfrentam dificuldades devido às enchentes de maio e junho. Cerca de 30 mil hectares de arroz deixaram de ser plantados na região, prejudicando a produtividade e expondo os agricultores à falta de apoio governamental e Seguro Agrícola.
Reação do setor
“O setor precisa ser ouvido”, enfatizou Alexandre Velho, presidente da Federarroz. A entidade reforça a necessidade de políticas que valorizem a produção nacional e priorizem o apoio aos agricultores familiares, essenciais para a segurança alimentar do país.

