Fetag-RS denuncia aumento do endividamento rural e cobra medidas urgentes para a agricultura familiar gaúcha

RURAL | Em coletiva de imprensa, entidade alerta sobre os impactos das mudanças climáticas e as recentes mudanças no Proagro
Na quinta-feira, 6 de fevereiro, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) realizou uma coletiva de imprensa para divulgar dados alarmantes sobre o endividamento da agricultura familiar no estado. Em um cenário de estiagem prolongada e secas intensas, agravadas por chuvas excessivas, o endividamento rural das famílias gaúchas atingiu níveis preocupantes, superando os R$ 28 bilhões em 2024.
A Fetag-RS destacou que, apesar das prorrogações de crédito rural de R$ 11,3 bilhões no ano passado, o custo da produção agrícola se manteve elevado. O custeio contratado para a safra 2024/2025, somando R$ 14,8 bilhões, além de R$ 2,3 bilhões de cooperativas, refletiu diretamente no aumento da pressão sobre os agricultores familiares.
A entidade também criticou as recentes mudanças no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que, de acordo com a Fetag-RS, tornaram o programa inviável. As novas resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), que reduziram a garantia de renda mínima para R$ 9 mil e impuseram deduções de até 50% conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), limitaram o acesso dos agricultores ao Proagro e prejudicaram ainda mais a situação de muitos produtores.
Em sua pauta de reivindicações, a Fetag-RS solicitou ações imediatas, como a prorrogação automática dos créditos rurais vinculados ao Pronaf e Pronamp por 120 dias, a revogação das resoluções que limitam a cobertura do Proagro, a contagem dos anos para acesso ao programa a partir de 2023, e a criação do programa “Desenrola Rural” para renegociação de créditos. Além disso, a federação exige a securitização das dívidas dos programas Pronaf e Pronamp com prazos de até 12 anos, a liberação de recursos do BNDES para cooperativas e cerealistas, e a criação de um fundo de catástrofes para emergências climáticas.
Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, expressou a gravidade da situação. “Precisamos de medidas urgentes para evitar maiores prejuízos ao setor. Não podemos mais aceitar alternativas provisórias”, afirmou ele, ressaltando que o governo e o setor financeiro devem oferecer condições mais justas para os agricultores.
Ainda como parte da mobilização, a Fetag-RS anunciou uma reunião com representantes do governo e do setor financeiro no dia 17 de fevereiro, na sede da entidade. Na mesma data, serão realizados atos em 16 municípios gaúchos para reforçar as reivindicações e garantir que a agricultura familiar receba o suporte necessário para superar essa crise.