É bem provável que cause uma pequena surpresa ao leitor, mas a questão matemática vai de encontro às brincadeiras de redes sociais ou discussões de outra natureza feitas ao longo do ano com Marcheísn, goleiro do Grêmio. Na comparação com o companheiro de posição do Inter, o argentino apresenta um aproveitamento melhor em cobranças de pênaltis do que Rochet.
O camisa 1 colorado chegou na metade da temporada 2023. De lá para cá esteve cara a cara com batedores de pênaltis em 25 oportunidades. Destas, defendeu duas e viu uma bater na trave. Ou seja, tomou 22 gols resultando em um aproveitamento de 8%.
A primeira expectativa gerada no camisa 1 do Inter foi muito bem administrada. Nas oitavas de final da Libertadores do ano passado contra o River Plate, dos nove chutes de uma dramática disputa, Rochet não pegou nenhum. Viu um deles beijar a trave e, mais que isso, ele mesmo efetuou a cobrança da classificação colorada para a festa no Beira-Rio. Na fase seguinte contra o Bolívar, o uruguaio fez então a primeira defesa na vitória por 2 a 0, também em casa. Na sequencia no Brasileirão contra Corinthians e Fortaleza, outros dois pênaltis foram cobrados sem chance de defesa.
Na primeira competição da atual temporada houve nova disputa na marca da cal. Rochet fez a sua parte ao defender o pênalti cobrado por Alan Ruchet, do Juventude. No entanto, a cavadinha de Robert Renan é que ficou marcada na eliminação do Inter na semifinal do Gauhcão em pleno Beira-Rio pelo placar de 6 a 5 nas penalidades máximas.
Na Copa do Brasil, Rochet deu lugar a Keiller que, no reencontro com o Ju em Porto Alegre, defendeu um chute de Gilberto, mas não impediu nova frustração vermelha com outra desclassificação, desta vez em Caxias do Sul durante o tempo normal. Na reta final do Brasileirão foram outros três pênaltis em sequencia contra Corinthians, Atlético Mineiro e Flamengo. Em nenhuma delas o goleiro achou a bola, ao contrário de Keiller que impediu a derrota para o Cruzeiro ao defender cobrança de Kaio Jorge no 0 a 0 no Mineirão.
A história de Marchesín no Grêmio tem menos tempo de duração mas também reservou vários pênaltis contra si, aumentando portanto a expectativa de agarrá-los, o que aconteceu de fato raras vezes com o camisa 1 que chegou da Espanha no começo do ano. Foram 20 oportunidades que resultaram em 17 gols, um chute na trave e apenas duas defesas. O resultado é um aproveitamento de exatos 10%.
Tudo começou com um gol sofrido pelo também goleiro Fábio, do São José, em vitória gremista tranqüila no Gauchão. Na eliminação para o Corinthians na Copa do Brasil, curiosamente, o argentino só teve chance de defender três batidas na disputa. Como não defendeu nenhuma, e os companheiros Edilson, Pavón e Cristaldo erraram o alvo, sequer houve necessidade do quarto e quinto chutes dos paulistas.
Ao contrário do ocorrido logo em seguida no Maracanã na Libertadores da América diante do Fluminense. Além das cinco batidas alternadas, houve mais uma no tempo normal, sem sucesso na cobrança de Arias. Depois, das cinco cobranças após o apito final, na única que não teve o caminho das redes, Ganso mandou na trave.
Por fim, no Brasileirão, uma defesa soou como uma redenção para o goleiro e um enorme alívio coletivo. Depois de insucessos em sete pênaltis contra Fortaleza, Bragantino, Corinthians (2x), Atlético Mineiro (2x) e Inter, nem mesmo a primeira defesa contra o Atlético Goianiense tirou o trauma. Derik parou nas mãos do argentino, mas marcou o gol no rebote. Até a partida contra o Juventude, quando o Grêmio perdia por 2 a 1 e o fantasma do rebaixamento rondava a Arena, finalmente o goleiro praticou uma defesa decisiva ao pegar o chute cruzado de Gabriel Taliari. Time e torcida despertaram e o empate conquistado nos minutos finais teve peso importante na tabela de classificação.
Correio do Povo