Gripe aviária: foco em Montenegro está controlado e não oferece risco à população, dizem especialistas e autoridades
GRIPE AVIÁRIA | Governo adota medidas de contenção em granja do RS; Aves e ovos são enterrados em granja após caso de gripe aviária no RS
O foco de gripe aviária (vírus H5N1) confirmado em uma granja de matrizes de aves comerciais em Montenegro, no Rio Grande do Sul, não representa risco à saúde da população gaúcha nem altera a segurança alimentar no Estado. A avaliação é da infectologista Carolina Lázari, do Grupo Fleury, e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que informou ter tomado todas as medidas previstas no plano de contingência nacional.
Segundo Carolina, que atua com os Laboratórios Weinmann no RS, o vírus não tem apresentado transmissão sustentada entre humanos. “Atualmente há pouquíssimos casos de transmissão para humanos, pois esse vírus ainda não estabeleceu um processo sustentado de humano para humano. No Brasil não tivemos nenhum caso”, explicou a especialista.
Ela destaca que, embora o vírus esteja presente em secreções respiratórias das aves, ele não é transmitido por meio do consumo de carne ou ovos. “Não há risco para humanos nem para outros animais ao consumir produtos de origem avícola”, reforçou.
Ações emergenciais e destruição de ovos
O Mapa informou ter rastreado todos os ovos para incubação fornecidos pela granja de Montenegro. O destino desses ovos eram incubatórios em Minas Gerais, Paraná e no próprio Rio Grande do Sul. Como medida preventiva, foi determinado o descarte desse material. Só em Minas Gerais, o governo estadual anunciou o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados e materiais relacionados.
“A iniciativa mostrou-se necessária para manter o controle sanitário, seguindo planos prévios para possíveis ocorrências do tipo, garantindo contenção e erradicação da doença e a manutenção da capacidade produtiva do setor”, afirmou o governo mineiro em nota.
O Ministério destacou que, apesar de não haver confirmação de contaminação nos ovos, todas as medidas de saneamento foram executadas conforme o protocolo, incluindo o bloqueio da área e vigilância sanitária nas zonas próximas.
Impactos comerciais
Apesar da contenção do foco em Montenegro, países como China, Argentina e membros da União Europeia decidiram suspender temporariamente as importações de carne de frango brasileira. As restrições foram impostas por 60 dias e, no caso chinês e europeu, abrangem todo o território nacional, como previsto em acordos sanitários com o Brasil.
O Mapa reiterou que o foco é regional e controlado, e que a gripe aviária não é transmitida por carne ou ovos. A pasta trabalha junto ao setor produtivo para garantir a retomada das exportações o quanto antes.
Desde 2006, a gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) tem sido registrada em várias regiões do mundo, com destaque para Ásia, África e norte da Europa, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos Estados Unidos, 70 casos humanos foram relatados, a maioria entre trabalhadores de granjas, com sintomas leves e apenas um óbito.
Tranquilidade à população
A infectologista Carolina Lázari reforça que o risco de epidemia humana é mínimo, pois os contágios ocorrem apenas em quem mantém contato direto e prolongado com aves doentes. “São pessoas que se expõem de forma intensa e por longos períodos. No Brasil, até agora, não há nenhum registro humano”, garantiu.
Ela ainda lembrou que os vírus estão em constante mutação, o que exige vigilância permanente, mas reafirma: “O consumo de carne e ovos segue seguro para todos”.
