Menina de 9 Anos Encontrada Morta em Guaíba Sofria Abandono e Maus-Tratos, Revela Investigação

A morte trágica de Kerollyn Souza Ferreira, uma menina de apenas nove anos, chocou a comunidade do bairro Cohab Santa Rita, em Guaíba, e levantou questionamentos sobre a falha dos sistemas de proteção à infância. O corpo da criança foi encontrado na manhã de sexta-feira (9), dentro de um contêiner de lixo, próximo à casa onde vivia com a mãe e três irmãos. A mãe, Carla Carolina Abreu Souza, de 30 anos, foi presa temporariamente sob suspeita de tortura e homicídio.


De acordo com relatos da Polícia Civil e depoimentos de vizinhos, Kerollyn vivia em condições de extrema negligência. Frequentemente, a menina dormia em um carro abandonado em uma praça perto de sua casa e era vista pedindo comida a vizinhos. Apesar da situação precária, ela era descrita como uma criança carinhosa e zelosa, especialmente em relação ao irmão mais novo, a quem levava diariamente à escola e para quem buscava doações de alimentos e roupas.


Na quinta-feira (8), Kerollyn visitou a escola do irmão e, segundo relatos, ficou radiante ao receber um par de brincos de presente de uma funcionária. Esse gesto simples trouxe um raro momento de alegria para uma criança cuja vida cotidiana era marcada por abandono e responsabilidade além de sua idade.


A mãe de Kerollyn foi presa no sábado (10), após a polícia receber relatos de maus-tratos e negligência, além de observar uma aparente indiferença de Carla ao ser informada sobre o corpo encontrado no contêiner. O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, afirmou que a menina vivia uma situação de “maus-tratos permanente” e que a mãe era responsável “direta ou indiretamente” pela morte da filha.


Enquanto a causa exata da morte de Kerollyn ainda está sendo investigada, com o laudo de necropsia aguardado para confirmar as circunstâncias do óbito, a polícia trabalha com a hipótese de que a mãe tenha administrado algum tipo de sedativo à criança, o que pode ter contribuído para sua morte. Imagens de câmeras de segurança da região estão sendo analisadas para identificar quem depositou o corpo no contêiner.


Conselho Tutelar Sob Investigação


O Conselho Tutelar de Guaíba, que acompanhava a família, também está sob escrutínio. Vizinhos e familiares afirmam que Kerollyn sofria maus-tratos constantes e que a situação havia sido denunciada diversas vezes. O pai de outra filha de Carla, Maikon Correia, declarou que procurou o Conselho Tutelar várias vezes, mas não viu uma ação efetiva para proteger as crianças.


Em nota, o Conselho Tutelar lamentou a morte de Kerollyn e afirmou que todas as denúncias recebidas foram atendidas. No entanto, a conselheira tutelar Ieda Lucas, em entrevista à RBS TV, reconheceu que a situação era acompanhada, mas negou omissão, dizendo que “não havia risco de vida” identificado nas visitas realizadas.


A Polícia Civil agora apura as responsabilidades de todos os envolvidos, incluindo o Conselho Tutelar, para entender como uma criança em situação de risco permaneceu tão desamparada a ponto de seu desfecho trágico.


Comoção e Indignação


A morte de Kerollyn provocou uma onda de choque e indignação entre os moradores do bairro e a comunidade escolar. Alexandre Santana, um agente socioeducativo que estava próximo ao local onde o corpo foi encontrado, expressou sua consternação: “É inacreditável encontrar uma criança jogada no lixo. Minha esposa chorou muito, e estamos todos muito abalados.”


A diretora da escola onde o irmão de Kerollyn estuda, Sílvia Vitória da Rosa Lopes, também compartilhou sua dor, lembrando a menina como uma criança zelosa e carinhosa: “Ela se sentia responsável pelo irmão. Vinha buscá-lo todos os dias. Gostávamos muito dela.”


O caso de Kerollyn Souza Ferreira é um lembrete doloroso das falhas no sistema de proteção infantil e da necessidade urgente de garantir que todas as crianças em situação de vulnerabilidade recebam a atenção e o cuidado de que precisam para viver em segurança. A comunidade agora espera que a justiça seja feita e que medidas sejam tomadas para evitar que tragédias como esta voltem a acontecer.

Por Francis Soares

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