O governo Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma nova fase da comunicação. O intuito é diminuir a resistência do eleitorado simpático ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A partir de pesquisas de opinião, o Palácio do Planalto concluiu que o ambiente polarizado foi mantido ao longo do ano e, recentemente, lançou a campanha “O Brasil é um só povo”, que reforça uma mensagem de união. Em outras peças, voltadas a públicos distintos, também usou referências sobre o assunto para enfatizar a intenção de “pacificar” o País.
Divulgada na última semana, uma propaganda sobre a “Farmácia Popular” busca passar a mensagem de que os programas do governo estão disponíveis a todos, independentemente de posicionamentos políticos. A peça começa com a chegada de uma mãe a uma drogaria, acompanhada da filha doente. Ela aparece com uma camisa do Brasil, verde e amarela, adereço que virou um dos símbolos dos simpatizantes de Bolsonaro. Na drogaria, a mãe é avisada de que o medicamento para a asma pode ser retirado de graça e se surpreende ao descobrir que poderia ser beneficiada.
Há dois meses, o governo divulgou vídeos da campanha “Plano Safra, o maior da história”, com foco no agronegócio, movimento em que Lula enfrenta resistências. Uma mulher com uma bandeira do Brasil aparece em meio a uma lavoura, enquanto uma música destaca que a política “é a força do campo batendo no peito da nação”.
A relação com empresários do agronegócio, considerados estratégicos por seu peso eleitoral, também não evoluiu muito. Um dos pontos que mais causam incômodo é o vínculo do governo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. No início do ano, diante de ocupações do grupo, empresários do ramo avaliaram que o Planalto, simpático à reforma agrária, não teve pulso com os invasores.
Nesta semana, antes do Natal, em data que ainda está sendo definida, Lula vai discursar em cadeia nacional de rádio e TV e pregará “união”, segundo interlocutores do Planalto. Com o objetivo de diminuir a rejeição entre o público evangélico e outros segmentos, o governo lançou a campanha publicitária com o slogan “Um Brasil e um só povo”.
As peças contam com música entoada por cantor gospel e personagens dando “glórias a Deus” por programas sociais do governo federal. O segmento evangélico foi lembrado por Lula durante a Conferência Eleitoral do PT, no início deste mês. Ao pedir uma autocrítica ao partido, ele citou pesquisas e afirmou que a legenda não consegue ouvir e dialogar com o segmento.
“Será que estamos falando aquilo que o povo quer ouvir de nós? Ou será que temos que aprender com o povo como é que fala com eles? Como é que a gente chega aos evangélicos?”, questionou o petista na ocasião, reforçando depois a necessidade de ir a igrejas conversar com padres e pastores.