14 de março de 2025

Perdas de 40% na soja impactam agricultores no RS em meio à estiagem

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RURAL | Estimativa divulgada pelo presidente da Fetag contempla as regiões Centro, Missões e Fronteira Oeste

Municípios das regiões Missões, Centro e Fronteira Oeste enfrentam perdas significativas na lavoura de soja devido à estiagem, informou nesta sexta-feira (31) o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva. Segundo ele, algumas propriedades registram perdas de até 100% na produção.

A situação foi considerada crítica após reunião realizada na última quinta-feira (30), em Ijuí. “Mesmo que chova, não muda mais. Dependendo do que chover nos próximos dias, teremos uma quebra ainda mais acentuada”, alertou Carlos Joel. Agricultores já avaliam que, mesmo com chuvas adequadas, a produtividade da safra 2024/2025 está comprometida.

O diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, confirmou a redução irreversível no rendimento da lavoura. A empresa de extensão rural prepara um levantamento para atualizar com precisão os números da safra. “Cerca de 70% da lavoura está na fase reprodutiva, que é floração e enchimento de grãos, um momento extremamente sensível à produtividade”, destacou Baldissera. O estudo deve ser divulgado até a próxima quinta-feira (6), durante reunião da Fetag em Porto Alegre.

Mudanças no Proagro geram preocupação

Uma reunião mais ampla, possivelmente com a presença do governador Eduardo Leite, está prevista para o dia 17 de fevereiro, com foco em alterações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Conforme Carlos Joel, resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziram a cobertura do programa para até 25% em alguns municípios, tornando inviável sua adesão pelos produtores. “O produtor não vai pagar o Proagro para ter apenas 25% de cobertura”, criticou o presidente da Fetag.

Reivindicações do setor agrícola

Durante o encontro em Ijuí, diversas medidas foram aprovadas para mitigar prejuízos causados tanto pela estiagem quanto pelas enchentes ocorridas em abril e maio. As principais demandas incluem:

Revogação da Resolução nº 5.198, de 19 de dezembro de 2024, do CMN;

Prorrogação automática das operações de crédito por 120 dias;

Implementação do programa Desenrola Rural para renegociação de dívidas no Pronaf e Pronamp;

Securitização das operações de crédito vinculadas aos programas;

Criação de um fundo de catástrofes com recursos federais e estaduais;

Liberação de recursos do BNDES para produtores ligados a cooperativas e cerealistas excluídos em 2024;

Anistia de parcelas dos programas Troca-Troca e Sementes e Mudas Forrageiras.

O evento contou com a presença do secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, do presidente da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz, do presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Hartmann, do deputado Elton Weber (PSB) e de representantes dos Ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), além da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

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