PF investigava sindicato ligado ao irmão de Lula desde 2024, apesar de negativa do diretor Andrei Rodrigues
FRAUDE DO INSS | Declaração do chefe da corporação entra em contradição com depoimentos de delegados na Câmara e documentos da CGU. TCU também apura envolvimento do Sindnapi nas fraudes contra o INSS.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou à imprensa que o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), ligado a Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva —, não era alvo de investigação no caso do desvio bilionário contra o INSS, revelado pela Operação Sem Desconto. A declaração, no entanto, foi desmentida por delegados da própria PF durante audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados nesta semana.
Segundo os investigadores responsáveis pela operação, o Sindnapi é, sim, objeto de inquérito desde 2024. A entidade aparece entre as 11 associações que firmaram convênios com o INSS e são suspeitas de terem operado descontos indevidos nos benefícios de aposentados em todo o país.
A contradição entre o discurso do diretor da PF e a realidade dos autos reforça a suspeita de blindagem institucional. A proteção a uma entidade com vínculos diretos com familiares do presidente da República levanta questionamentos sobre o aparelhamento da Polícia Federal e o uso político da corporação.
Além da investigação em curso na PF, o Tribunal de Contas da União (TCU) acatou uma representação da bancada do partido Novo e abriu um procedimento para apurar o aumento explosivo da arrecadação do Sindnapi: de R$ 8 milhões em 2020 para mais de R$ 50 milhões em 2024. O salto coincide com os anos em que o grupo político de Lula retornou ao poder e reacendeu os vínculos históricos entre sindicatos e o governo petista.
Reportagem do Poder360 já havia revelado que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou irregularidades na atuação dessas entidades conveniadas ao INSS. O Sindnapi, inclusive, foi citado como uma das instituições que utilizaram o mecanismo para ampliar sua base de filiados e receita sem o consentimento dos aposentados.
A tentativa de desviar o foco da entidade ligada a Frei Chico, negando sua investigação, compromete ainda mais a credibilidade da direção da PF. O fato de a mentira ter sido proferida publicamente, em um momento em que parte dos autos ainda tramitava sob sigilo, agrava a percepção de interferência política no caso.
Nos bastidores de Brasília, a crise provocada pelas declarações de Andrei Rodrigues já pressiona o governo a dar explicações mais convincentes. Parlamentares da oposição pedem o afastamento do diretor da PF e a convocação de Frei Chico para prestar depoimento.

