Polícia descobre fábrica clandestina de cigarros em Agudo: nove presos e produção milionária

POLÍCIA | Ação conjunta investigou o esquema por três meses; trabalhadores paraguaios estavam em condições análogas à escravidão.

Uma fábrica clandestina de cigarros foi descoberta em uma ação conjunta entre a Polícia Civil de Santa Maria e o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), na região central do Rio Grande do Sul. Localizada em uma antiga empresa de beneficiamento de arroz, na área rural do município de Agudo, a indústria produzia marcas paraguaias ilegais para venda no Brasil. Até o momento, nove pessoas foram presas.

Trabalhadores explorados e prisões

Sete dos presos são paraguaios que, segundo as autoridades, eram mantidos em condições análogas à escravidão. Os outros dois são brasileiros, suspeitos de serem os proprietários do local. Um dos brasileiros foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e seria o responsável pela segurança da fábrica. Questionado sobre como os paraguaios chegaram à propriedade, ele preferiu permanecer em silêncio.

Investigação e estrutura da fábrica

A descoberta é resultado de três meses de investigações. As máquinas encontradas no local possuem capacidade de produção de até 150 mil maços de cigarros por dia, o equivalente a três milhões de unidades diárias. Estima-se que a atividade gerasse um lucro de até R$ 300 mil por dia para a organização criminosa.

A fábrica operava em tempo integral, sete dias por semana, dentro de uma estrutura bem planejada. Localizada a cerca de 10 quilômetros da RS-287 e próxima ao Rio Jacuí, a região permitia um escoamento rápido da mercadoria, inclusive por via fluvial, rumo à capital Porto Alegre.

Ligação com o crime organizado

As marcas produzidas eram 51 e Egipt, ambas paraguaias. Segundo o delegado Alencar Carraro, do Denarc, há indícios de que a fábrica clandestina estivesse ligada a um grande traficante da fronteira, na região de São Borja. O esquema também teria envolvimento com o tráfico de drogas e armas, utilizando a rede de distribuição de cigarros ilegais para ampliar suas atividades criminosas.

— Não são amadores. Têm grande conhecimento de mercado, porque chegaram numa área de produção de arroz. Um local muito bem estruturado, perfeito como disfarce. Há suspeita de que também fossem aplicar golpes: adquirir cereais e não pagar — afirmou Carraro.

Crimes e penalidades

Os envolvidos deverão responder por organização criminosa e fabricação e venda de produto impróprio para consumo. Além disso, as investigações continuarão para apurar a extensão do esquema e possíveis outros envolvidos na operação.

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