16 de abril de 2025

Polícia investiga médico suspeito de intimidar pacientes insatisfeitos com cirurgias plásticas

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POLÍCIA | Leandro Fuchs já foi indiciado 11 vezes por lesões graves e responde a outros 76 inquéritos policiais

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o médico Leandro Fuchs, suspeito de utilizar notificações extrajudiciais para intimidar pacientes insatisfeitos com cirurgias plásticas realizadas por ele em Porto Alegre. Segundo as investigações, Fuchs tentava impedir que as vítimas buscassem indenizações na Justiça e, em pelo menos um caso, divulgou fotos íntimas de uma paciente para constrangê-la.

De acordo com o delegado Ajaribe Rocha Pinto, o médico adotava um “padrão comportamental de constrangimento e intimidação” contra as vítimas. “Ele tentava desestimulá-las a ingressarem com ações judiciais, tanto cíveis quanto criminais, utilizando sua rede de contatos”, afirmou.

Divulgação de imagens sigilosas

Em um dos casos investigados, Fuchs encaminhou, por meio de seu advogado, uma notificação extrajudicial a uma paciente, anexando imagens médicas sigilosas de seu corpo nu. O documento, enviado pelo escritório de advocacia contratado pelo cirurgião, alegava que os procedimentos “ocorreram sem qualquer intercorrência” e que a paciente disseminava “informações falsas e gravosas” em um grupo de WhatsApp formado por outras vítimas.

O delegado considera a ação como uma tentativa ilegal de coação. “Ele compartilhou fotos íntimas da vítima com seus advogados, tentando coagi-la ao silêncio”, explicou Rocha Pinto.

Indiciamentos e novas investigações

Fuchs já foi indiciado 11 vezes por lesões graves em pacientes e responde a outros 76 inquéritos policiais, que incluem estelionato e associação criminosa. Ele está afastado do hospital onde atuava e proibido judicialmente de realizar cirurgias. Agora, as autoridades investigam também os crimes de coação no curso do processo e divulgação de conteúdo íntimo sem consentimento.

Segundo a Polícia Civil, os problemas com os procedimentos cirúrgicos realizados por Fuchs remontam a 2019, com relatos mais recentes em 2023. O médico é acusado de permitir que residentes e recém-formados sem qualificação adequada realizassem as cirurgias em seu lugar, sem o conhecimento dos pacientes.

“De 727 cirurgias, 481 precisaram de novas intervenções. Os laudos descrevem lesões decorrentes dos procedimentos. São fatos extremamente graves”, destacou o delegado.

Defesa do escritório de advocacia

O escritório FLZ Advogados Associados, que representa Fuchs, alegou que a notificação extrajudicial “obedeceu a todos os critérios legais”, garantindo que não houve exposição pública da paciente. Além disso, afirmou que o ato teve o “intuito de advertir e interpelar a notificada acerca de suas condutas nas redes sociais”.

A Polícia Civil segue apurando os casos para identificar novas vítimas e aprofundar as investigações.

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