Ao mesmo tempo em que liderou a arrecadação de seguro penhor rural no primeiro semestre de 2024, o Rio Grande do Sul também foi o estado que demandou o maior volume de indenizações a produtores.
Nos seis primeiros meses, dos R$ 477,6 milhões em indenizações da modalidade, desembolsados no país, R$ 147,7 milhões (32,8%) foram destinados a agropecuaristas gaúchos. O valor representa uma alta de 179,1% em relação aos R$ 52,9 milhões desembolsados no RS no mesmo período de 2023.
Os dados constam em levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (Cnseg) e Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). O seguro penhor rural atende à exigência de contratação de seguro para bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos oriundos de operações do crédito rural. A modalidade é utilizada nos estados mais representativos do agronegócio, incluindo, além do Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
“O aumento das indenizações foi muito influenciado pelo fenômeno climático ocorrido no Rio Grande do Sul. Houve também estiagens [em 2022 e 2023]. Isso acabou impactando a produção agrícola e, em consequência, a segurança de bens materiais vinculados a financiamentos. Esse cenário elevou muito os sinistros”, diz Romário Alves, CEO e fundador da Sonhagro, uma rede nacional de franquias especializada em crédito rural, e que oferece consultorias sobre seguro penhor rural.
Dados da Cnseg, constante em comunicado emitido no dia 27 de setembro, indicam que as fortes chuvas e enchentes de abril e maio no RS resultaram em 2.109 pedidos de indenização de seguro rural, somando R$ 177,7 milhões. Os números consideram apenas os sinistros relacionados ao fenômeno climático e incluem aqueles relacionados ao seguro penhor rural.
Depois do Rio Grande do Sul, o Paraná é a segunda unidade federativa com maior valor em indenizações no seguro penhor rural no primeiro semestre de 2024, com R$ 69,9 milhões em pagamentos, o que representa 15,5% do montante nacional. No Paraná, no entanto, o resultado indica uma redução de 3,9% em relação aos seis meses iniciais de 2023, quando as reparações somaram R$ 72,8 milhões.
Em Santa Catarina, tal qual no RS, os ressarcimentos também cresceram nos primeiros seis meses de 2024, atingindo R$ 34,1 milhões, 47,6% a mais do que os R$ 23,1 milhões do primeiro semestre de 2023. O Estado ficou na sexta posição entre as unidades da Federação no volume de liquidação de sinistros.
Alta na arrecadação
O levantamento Cnseg e FenSeg demonstrou também o desempenho da arrecadação do seguro penhor rural entre janeiro e junho de 2024. O faturamento chegou a R$ 1,6 bilhão, um crescimento de 14,3% em relação ao mesmo período de 2023.
Entre 2020 e 2023, o setor registrou um aumento de 107,1% na arrecadação e 75,7% nas indenizações, passando de R$ 1,4 bilhão e R$ 503,6 milhões, em 2020, para, respectivamente, R$ 2,9 bilhões e R$ 884,9 milhões, em 2023.
Ao avaliar a alta na arrecadação do seguro penhor rural, a FenSeg aponta a expansão das linhas de crédito rural no país e o desempenho do Banco do Brasil na implementação da modalidade como principais fatores de impulsionamento. Tanto a federação quanto BB Seguros não responderam aos questionamentos da reportagem sobre o aumento nas indenizações.
Correio do Povo