Um idoso que havia contraído leptospirose morreu no Hospital Bruno Born, em Lajeado. A casa dele havia sido inundada em Travesseiro, no Vale do Taquari, uma das regiões mais atingidas pelas enchentes – cenário que amplia o risco de proliferação da doença, da qual o homem de 67 anos se tornou o primeiro caso fatal desde o início da catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul.
De acordo com informações das autoridades locais, o óbito ocorreu na sexta-feira (17) e o sepultamento foi realizado no dia seguinte. O diagnóstico, porém, teve confirmação oficial somente nessa segunda, pois dependia de análises laboratoriais. A vítima foi identificada como Eldo Gross.
Outros três indivíduos estão internados na instituição de saúde, pelo mesmo motivo, embora sem gravidade. O Ministério da Saúde orienta que os casos suspeitos devem ser encaminhados de forma imediata para tratamento, que tem por base o uso de antibióticos.
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Conforme o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira. Sua penetração no corpo se dá por meio da pele com lesões ou por mucosas (nariz, boca etc.). Também infecta indivíduos sem ferimentos mas que permanecem imersos durante longos períodos em água contaminada.
O período de incubação (intervalo entre a transmissão e o início das manifestações dos primeiros sintomas) pode variar de um a 30 dias. Normalmente, esse processo se dá entre 7 e 14 dias.
Principais sintomas na fase inicial: febre igual ou maior que 38ºC, dor na região lombar ou panturrilha, dor de cabeça e conjuntivite. Em estágio avançado da doença, pode ocorrer tosse, hemorragias e insuficiência renal.
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados.
Inundações propiciam a disseminação e persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. Tal aspecto tem motivado alertas no Rio Grande do Sul, devido às enormes extensões de áreas alagadas nas quais têm circulado desabrigados, socorristas e outros voluntários. Também há risco durante os trabalhos de retirada da lama: recomenda-se o uso de luvas e botas impermeáveis.
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, ao passo que as situações mais graves a hospitalização deve ser imediata, a fim de evitar complicações potencialmente letais.
“A automedicação não é indicada”, ressalta o Ministério. “Ao suspeitar da doença, deve ser procurado um serviço de saúde e relatado o contato com ambiente de risco. Na fase precoce são utilizados Doxiciclina ou Amoxicilina, já em casos avançados, são ministrados Penicilina, Ampicilina, Ceftriaxona ou Cefotaxima.
O Sul
(Marcello Campos)