RS deve colher 33,2 milhões de toneladas de grãos, mas estiagem e excesso de chuvas marcam safra 2024/25
O arroz alcançou 8,3 milhões de toneladas (+15,9%), com área de 951,9 mil hectares (+5,7%) e produtividade satisfatória, apesar de oscilações térmicas durante o ciclo
RURAL | Soja em queda e arroz em alta refletem efeitos climáticos distintos no Estado, que segue como o 4º maior produtor do país
O Rio Grande do Sul deve colher 33,2 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/25, segundo o 10º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira (11). Apesar do volume expressivo, o número representa uma queda de 9,8% em comparação ao ciclo anterior. A área plantada também recuou levemente, ficando em 10,38 milhões de hectares (-0,4%).
A safra gaúcha foi marcada por contrastes climáticos. A estiagem durante o verão afetou fortemente a soja, carro-chefe da produção agrícola estadual. Em contrapartida, o clima seco favoreceu o arroz irrigado e o milho semeado mais cedo. Já o excesso de chuvas nas últimas semanas dificultou o avanço das culturas de inverno, como o trigo, provocando perdas localizadas.
“Mais uma vez, o clima impactou negativamente a produção gaúcha, especialmente a soja. Para o arroz e milho, os efeitos foram menores, o que favoreceu o crescimento da produção”, destacou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
Desempenho por cultura
Soja
Mesmo com aumento de 1,3% na área cultivada, a soja teve queda drástica de produtividade por conta da seca, fechando a safra com 14,28 milhões de toneladas, recuo de 27,3% frente à anterior.
Milho 1ª safra
Com redução de 12,2% na área plantada, o milho teve desempenho oposto ao da soja: a produtividade elevada garantiu um crescimento de 12% na produção, somando 5,43 milhões de toneladas. A colheita, no entanto, enfrentou problemas pontuais com chuvas.
Arroz
Um dos destaques positivos, o arroz somou 8,3 milhões de toneladas, alta de 15,9%, graças à produtividade favorecida por boas condições térmicas e sistema de irrigação eficiente. A área plantada cresceu 5,7%.
Feijão
A área cultivada de feijão encolheu 12,6%, mas a produção subiu 2,5%, atingindo 73,5 mil toneladas, impulsionada pelo bom desempenho da segunda safra, especialmente em áreas irrigadas.
Culturas de inverno enfrentam desafios
O trigo, principal cultura de inverno, teve nova retração de 10,2% na área plantada, com expectativa de colheita de 3,81 milhões de toneladas (-2,6%). O excesso de chuvas, baixa luminosidade e erosão do solo atrasaram o plantio.
A aveia mostra crescimento com 370,7 mil hectares (+3,9%) e produção de 916 mil toneladas (+8,7%). Já a canola, mesmo com forte expansão de área (+36,9%), sofre com chuvas e geadas. A cevada segue em retração, com produção estimada em 102,4 mil toneladas (-11%).
Brasil terá safra recorde
No panorama nacional, a Conab estima uma produção de 339,6 milhões de toneladas de grãos, aumento de 14,2% em relação ao ciclo anterior. O crescimento se deve ao bom desempenho climático e ao aumento de área plantada, que soma 81,8 milhões de hectares (+2,3%).
Os destaques são a soja, com expansão de 3,2% na área, o milho (+2,4%) e o arroz (+140,8 mil hectares). Mesmo com dificuldades no Sul, o plantio avança bem no restante do país.
