Seduc mantém aulas na rede estadual do RS mesmo com terceira onda de calor

EDUCAÇÃO | Aulas seguem normalmente, com possibilidade de ajustes conforme a realidade de cada escola.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul anunciou que as aulas estão mantidas na rede estadual, apesar da previsão de temperaturas elevadas devido à terceira onda de calor que atinge o Estado. A decisão foi tomada após reunião com o Cpers (sindicato dos professores estaduais), realizada na manhã desta terça-feira (25).
A titular da pasta, Raquel Teixeira, comunicou a medida durante coletiva de imprensa, reforçando que, embora haja uma diversidade estrutural entre as escolas, as atividades presenciais continuarão.
— As aulas estão mantidas. Temos consciência da diversidade da nossa rede, com algumas escolas muito bem preparadas e outras mais precárias, uma minoria — afirmou Raquel.
Segundo a secretária, 27% das escolas estaduais possuem ar-condicionado, mas apenas 18% das salas de aula são climatizadas. A decisão de manter as aulas presenciais veio após o pedido do Cpers, na última sexta-feira (21), para suspender as atividades devido ao calor extremo.
Medidas de flexibilização
No mesmo dia da reunião, a Seduc encaminhou orientações às escolas para lidar com o calor, permitindo adaptações nos horários e atividades. As principais medidas incluem:
- Antecipar ou adiar o horário de entrada e saída para evitar os momentos mais quentes do dia;
- Substituir atividades físicas por ações menos desgastantes;
- Reorganizar práticas pedagógicas externas, principalmente em escolas técnicas;
- Ampliar o acesso à hidratação e adaptar o cardápio da merenda escolar;
- Reorganizar atividades ao ar livre, priorizando espaços cobertos e ventilados.
Raquel destacou que há autonomia para as escolas definirem, caso a caso, as melhores alternativas, chegando até a considerar o ensino remoto em situações extremas.
— A orientação prevê essa autonomia de estudo caso a caso. Eventualmente, até de aula remota, o que não parece ser o caso agora porque, nas casas dos nossos estudantes, nem sempre há condições de internet para isso — explicou.
Posição do Cpers
A presidente do Cpers, Rosane Zan, reforçou que o sindicato continuará defendendo a autonomia das escolas para suspender as aulas, se necessário.
— Educação não se faz em um ambiente insalubre. O calor é extremo em alguns locais. E vamos seguir cobrando a questão da infraestrutura das escolas — declarou Rosane.
O sindicato não entrará com ação judicial no momento, mas não descarta essa possibilidade caso novas ondas de calor voltem a comprometer as condições de ensino.
Durante a reunião, Rosane também solicitou a inclusão do Cpers na definição do calendário escolar dos próximos anos, levando em consideração a continuidade dos episódios climáticos extremos.
Calor intenso nos próximos dias
Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Marcelo Schneider, a terceira onda de calor deverá persistir por mais dez dias. As temperaturas podem atingir quase 40ºC na Metade Oeste — incluindo as regiões Central, Missões, Noroeste, parte da Campanha e Norte — enquanto a Região Metropolitana e os Vales devem registrar máximas entre 37ºC e 38ºC.
A Seduc e o Cpers seguem dialogando, com novas reuniões previstas para discutir os impactos do calor extremo e as condições das escolas da rede estadual.