Setor arrozeiro se mobiliza diante da pior cotação em três anos: reunião na Conab busca medidas emergenciais
RURAL | Preço do arroz pago ao produtor acumula queda de 41% em um ano e já não cobre os custos de produção no RS
O colapso nas cotações do arroz tem tirado o sono dos produtores gaúchos e reacende a urgência por medidas de apoio por parte do governo federal. O tema será pauta de uma reunião nesta sexta-feira (6), às 10h, na sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Porto Alegre. O encontro foi solicitado pela Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) e pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).
O principal objetivo da reunião é discutir estratégias para atenuar os efeitos da queda brusca nos preços, que atingiram, em maio, o menor patamar em três anos. A pressão se intensificou com a entrada da colheita no mercado, especialmente no Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 70% da produção nacional do cereal. Segundo o IBGE, a safra estadual deve alcançar 8,1 milhões de toneladas, um crescimento de 14% em relação ao ciclo anterior.
Contudo, o aumento da oferta não foi acompanhado pela mesma intensidade na demanda, nem no mercado interno nem no externo. Em nota, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, aponta que o desequilíbrio entre oferta e demanda explica a queda expressiva nas cotações. O preço médio pago ao produtor em maio acumulou uma retração de 41% nos últimos 12 meses — patamar insuficiente até mesmo para cobrir os custos básicos de produção.
À reportagem, o presidente da Federarroz-RS, Alexandre Velho, resumiu a gravidade da situação:
— Precisamos de alternativas para que o mercado pare de cair e os produtores possam, pelo menos, pagar as suas contas, afinal, o preço médio está muito abaixo do custo de produção.
Em paralelo às tratativas com o governo federal, a Federarroz negocia com Banrisul, Banco do Brasil e Sicredi a possibilidade de escalonamento nos pagamentos dos financiamentos de custeio. A medida visa aliviar a pressão de comercialização sobre os produtores nos meses de junho e julho.
Vale lembrar que, ainda em março, a Conab já havia anunciado a antecipação da entrega dos contratos de opção de venda de arroz como tentativa de conter o recuo nos preços — problema que, agora, se agravou com o avanço da colheita.

