Vacina ACWY passa a ser aplicada aos 12 meses na rede pública para reforço contra meningite
SAÚDE | Imunizante oferece proteção ampliada contra quatro tipos da bactéria meningococo
A partir desta terça-feira (1º), a vacina meningocócica ACWY passa a integrar o calendário de vacinação infantil do Sistema Único de Saúde (SUS) como dose de reforço aos 12 meses de idade. A medida amplia a proteção contra a meningite bacteriana ao incluir quatro sorotipos da bactéria meningococo: A, C, W e Y.
Até então, o esquema vacinal na rede pública previa duas doses da vacina meningocócica C aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses utilizando o mesmo imunizante. Com a nova diretriz, crianças que ainda não receberam a dose de reforço nessa faixa etária agora terão acesso à vacina ACWY, considerada mais abrangente. A mudança consta na Nota Técnica nº 77/2025, divulgada pelo Ministério da Saúde no último fim de semana.
“Agora, o SUS garante ainda mais proteção contra as formas mais graves de meningite bacteriana. A vacina ACWY, antes aplicada apenas na adolescência, passa a ser ofertada também para crianças de até um ano”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A vacina ACWY era anteriormente indicada na rede pública apenas para adolescentes entre 11 e 14 anos, em dose única ou como reforço, dependendo do histórico vacinal. Segundo o Ministério da Saúde, crianças que já completaram o esquema com as três doses da vacina tipo C não precisarão ser vacinadas novamente.
Situação da meningite no Brasil
Em 2025, o país já registrou 4.406 casos confirmados de meningite. Desse total, 1.731 foram causados por bactérias — as formas mais graves da doença —, 1.584 foram casos virais, e 1.091 estão associados a outras causas ou não tiveram o tipo identificado. Entre 2007 e 2020, cerca de 400 mil casos suspeitos foram notificados ao Ministério da Saúde.
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Pode ter origem bacteriana, viral, fúngica, parasitária ou não infecciosa, como em decorrência de câncer, lúpus ou traumatismos cranianos. A forma bacteriana é a mais letal: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas infectadas morre, e uma a cada cinco sobrevive com sequelas, como surdez e déficits cognitivos. Em casos extremos, a morte pode ocorrer em até 24 horas após o início dos sintomas.
Baixa cobertura preocupa
Apesar da gravidade da doença, a cobertura vacinal contra a meningite tem ficado abaixo do ideal em muitas regiões, o que favorece a circulação de cepas resistentes e a disseminação da bactéria. Isso obriga médicos a utilizarem antibióticos mais potentes, que apresentam maior risco de efeitos adversos. De acordo com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), muitos antibióticos de primeira linha já não são eficazes devido à resistência bacteriana.
O tratamento da meningite depende do agente causador. Nos casos bacterianos, o uso precoce de antibióticos é fundamental. Já nas infecções virais, que costumam ser menos graves, não há tratamento específico — o foco é o alívio dos sintomas.
As meningites bacterianas tendem a ser mais frequentes no outono e inverno, enquanto as virais predominam na primavera e verão.

