Trump assina memorando para impor tarifas recíprocas a parceiros comerciais
POLÍTICA | “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA”, disse Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (13) um memorando que determina a aplicação de tarifas recíprocas a países que impõem barreiras comerciais contra produtos norte-americanos. A iniciativa faz parte da estratégia protecionista do governo para reduzir déficits na balança comercial dos EUA.
Diferente dos decretos que regulamentam as tarifas já impostas por Trump, o memorando desta quinta-feira não especifica valores ou países-alvo, mas estabelece uma diretriz geral para garantir “justiça” nas relações comerciais. A medida foi batizada de “Plano Justo e Recíproco” e tem como objetivo corrigir supostos desequilíbrios históricos no comércio internacional.
Brasil pode ser afetado
Durante o anúncio, Trump citou o etanol brasileiro como exemplo de prática comercial desfavorável aos EUA. Ele destacou que enquanto os americanos cobram uma tarifa de 2,5% sobre o etanol importado, o Brasil impõe uma taxa de 18% para o produto norte-americano. Em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões ao mercado brasileiro.
Além disso, Trump ameaçou diretamente os países do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — com tarifas de no mínimo 100%, caso sigam discutindo formas de reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais. O governo brasileiro, que ocupa a presidência rotativa do Brics, reiterou nesta quinta-feira seu apoio ao uso de moedas locais no comércio entre os membros do bloco.
Impacto global e outras retaliações
O memorando também menciona barreiras comerciais da União Europeia contra os EUA. Segundo a Casa Branca, o bloco europeu permite a exportação de mariscos para os EUA, mas impede que 48 estados americanos exportem seus próprios produtos para o mercado europeu. Além disso, a UE cobra 10% de tarifas sobre a importação de carros, enquanto os EUA aplicam apenas 2,5%.
A imposição de tarifas faz parte de uma política comercial mais ampla de Trump, que já havia aplicado restrições sobre aço e alumínio no início da semana. A medida, que entra em vigor em 12 de março, estabelece tarifas de 25% sobre todas as importações desses produtos.
No início do mês, os EUA também elevaram tarifas sobre produtos do México e do Canadá, mas suspenderam as taxas por 30 dias após negociações. Já a China, alvo recorrente das sanções comerciais de Trump, sofreu um aumento de 10% nas tarifas americanas, levando Pequim a retaliar com novas taxas de 10% a 15% sobre produtos norte-americanos.
A União Europeia também estuda contramedidas contra as tarifas de aço e alumínio dos EUA, podendo atingir produtos emblemáticos do país, como Bourbon, jeans e motocicletas.
A equipe de comércio do governo norte-americano ainda estuda a aplicação efetiva das tarifas recíprocas, o que pode ampliar a guerra comercial global iniciada na gestão de Trump.

