Alta no preço da comida pressiona governo Lula e desgasta promessa de picanha no prato
ECONOMIA | A inflação dos alimentos acelera e compromete o poder de compra dos brasileiros, reacendendo críticas ao Planalto
A inflação dos alimentos voltou a subir com força e se transformou em um dos maiores desafios do governo federal neste primeiro semestre de 2025. Dados divulgados pelo IBGE na última sexta-feira (9) revelam que, nos últimos 12 meses, os preços das carnes e de itens básicos da alimentação registraram altas significativas — cenário que pressiona o Palácio do Planalto e coloca em xeque a simbólica promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): a picanha no prato do povo.
O corte nobre, que se tornou símbolo do discurso petista, teve aumento de 15,6% em um ano. Mas os maiores impactos foram sentidos em cortes mais populares: o patinho subiu 24%, e o acém, 25%. Até os alimentos considerados mais acessíveis também pesaram no bolso do consumidor. Os ovos de galinha ficaram 16,7% mais caros, e o frango teve inflação de 9,2% no período.
Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulando 5,53% em 12 meses — muito acima da meta de 3% fixada pelo Conselho Monetário Nacional —, o governo tenta encontrar meios para conter o avanço dos preços. Em março, anunciou um pacote de medidas emergenciais, como a isenção do imposto de importação sobre carne, café e açúcar. No entanto, a medida teve pouco efeito prático: o Brasil é grande exportador desses produtos e praticamente autossuficiente, o que reduz o impacto de importações sobre os preços internos.
Dentro do governo, a aposta agora está voltada para uma possível supersafra agrícola em 2025 e na recente valorização do real frente ao dólar. A expectativa é que ambos os fatores contribuam para a redução dos custos de produção e, por consequência, atenuem a inflação dos alimentos nos próximos meses.
No entanto, o tempo joga contra. O desgaste político pela alta no custo da comida já se faz sentir, e a oposição não perdeu tempo em explorar o tema. Com o prato mais vazio e a geladeira mais cara, a insatisfação da população tende a crescer, alimentando o risco de erosão da popularidade presidencial.

