Em um surpreendente e histórico evento, uma armadilha fotográfica capturou a presença de um tamanduá-bandeira no Parque Estadual do Espinilho, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, após 130 anos de sua extinção no estado.
O registro único deste exemplar raro, encontrado passeando entre as árvores do parque, ressalta a relevância da biodiversidade do bioma Pampa e a importância das Unidades de Conservação (UCs) na preservação desses ecossistemas distintivos do Rio Grande do Sul.
A descoberta, realizada durante uma expedição de ambientalistas na UC da Barra do Quaraí, surpreendeu os pesquisadores que, por meio de equipamentos fotográficos acionados remotamente, buscavam registrar a vida selvagem do parque minimizando a interferência humana.
“Acreditamos que este avistamento esteja relacionado ao trabalho de reintrodução realizado na Argentina, especificamente em Esteros del Iberá, pela Fundação Rewilding. Estes animais estão adentrando o Rio Grande do Sul. No Uruguai, o tamanduá também foi extinto na mesma época em que ocorreu aqui no Pampa brasileiro”, explicou o biólogo Fábio Mazim, integrante do grupo responsável pelo registro.
Após a primeira aparição, novas imagens da espécie, ausente no estado por mais de um século, foram obtidas no mesmo parque em diferentes períodos entre julho e setembro. No entanto, não foi possível confirmar se os registros correspondem ao mesmo animal ou se há mais de um exemplar no parque.
Além de ressaltar a riqueza da biodiversidade na região, a descoberta reforça a importância do Parque do Espinilho para a pesquisa e conservação de espécies raras e ameaçadas. A observação do tamanduá-bandeira será documentada em um trabalho científico desenvolvido em colaboração com pesquisadores da Argentina e do Uruguai.
Informações Adicionais sobre o Tamanduá-Bandeira
O tamanduá-bandeira é um mamífero nativo da América do Sul, conhecido por sua cauda em formato de bandeira. Sua função ecológica primordial consiste na adubação do solo, alimentando-se de insetos e espalhando resíduos e nutrientes.
O Parque Estadual do Espinilho, sob a gestão da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), desempenha um papel crucial na conservação dessa espécie e da flora e fauna associadas ao bioma Pampa.
Iniciativas de Preservação do Bioma
Ao longo dos anos, a Sema implementou diversas estratégias para preservar o bioma Pampa, como os corredores ecológicos, a Rota dos Butiazais, Trilhas de Longo Curso, certificação ambiental para extrativismo sustentável da flora nativa, Cadastro Ambiental Rural (CAR), Reposição Florestal Obrigatória (RFO) e programas específicos para conservação de espécies ameaçadas.
O envolvimento em projetos nacionais e internacionais, como o GEF – Pró-Espécies e o Projeto GEF – Terrestre, destaca o compromisso do estado em proteger a biodiversidade única do bioma Pampa, promovendo a pesquisa, conservação e uso sustentável de seus recursos naturais.
Próximos Passos
A descoberta do tamanduá-bandeira no Rio Grande do Sul não apenas desperta interesse científico, mas também motiva a continuidade de estudos e ações de preservação para garantir a sobrevivência e o bem-estar dessas espécies no bioma Pampa. Este evento será abordado em um trabalho científico em colaboração com pesquisadores locais e internacionais, aprofundando nosso entendimento sobre a presença e comportamento desses animais raros nesse ambiente específico.