Na noite de 14 de março de 1988, mais de 12 mil pessoas acomodaram-se nas arquibancadas de cimento do ginásio Gigantinho para torcer por aquele que, à época, era o maior nome do boxe brasileiro. Se os alto-falantes anunciassem José Adilson Rodrigues dos Santos, é provável que boa parte do público não soubesse de quem se tratava. Afinal de contas, o ídolo era conhecido por seu apelido: Maguila, falecido hoje, aos 66 anos. Naquele dia, o brasileiro teve pela frente o adversário argentino Jorge Guido Cambiasso.
O pugilista nascido em Sergipe vivia ótima fase. Vinha de 11 vitórias consecutivas, a mais notória de todas o embate com o norte-americano James Smith, o Quebra-Ossos. No total, Maguila já acumulava um cartel de 28 vitórias em 30 lutas, sendo 23 por nocaute. Por isso, a sua presença em Porto Alegre era uma atração. A apresentação do combate foi feita no dia 11, no Hotel Embaixador, e como era de se esperar nesse tipo de evento, houve provocações. O brasileiro, por exemplo, disse desconhecer o adversário. De lá, foi direto para a academia Walter Lee, onde estava na reta final dos treinamentos.
Nos dias que antecederam a luta, Maguila também compartilhou qual era o seu grande sonho até aquele momento: enfrentar o norte-americano Mike Tyson, um dos maiores nomes do boxe. “Estou pronto, é só marcar a data”, disse. O embate entre os dois, no entanto, acabou nunca acontecendo – ainda que o brasileiro tenha enfrentando outras duas lendas da modalidade: os também americanos Evander Hollyfield e George Foreman, e perdido para ambos.
Em cima do ringue no Gigantinho, a luta não se resolveu tão fácil, apesar de todo o favoritismo local. Diante de um adversário que defendia-se bem evitando o confronto direto, Maguila teve dificuldades. Foi só a partir do quinto assalto que o domínio foi mais evidente, com direito a uma esquerda potente o suficiente para deixar o argentino nas cordas, encaminhando o nocaute técnico que viria no sétimo round.